Alice Secco, que ficou conhecida como “a menina das palavras difíceis” durante a pandemia de covid-19 e estrelou um comercial do Itaú com Fernanda Montenegro, foi anunciada como apresentadora do quadro “Pequenos Gênios”, do “Domingão com Huck”. A novidade foi elogiada nas redes sociais, entretanto, acende a preocupação acerca da exposição infantil às mídias, visto que a pequena tem apenas 4 anos.

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Com o avanço tecnológico, as crianças estão cada vez mais imersas precocemente às mídias sociais, especialmente. Por isso, o alerta de profissionais entrevistados pela ISTOÉ Gente não é uma análise sobre Alice, e sim sobre a atenção que todos os pais devem ter quanto ao assunto.

“Crianças pequenas ainda não têm maturidade cognitiva e emocional para lidar com questões que a mídia pode trazer, como o julgamento, como estar com a vida totalmente exposta e uma série de bombardeio de informação que pode aparecer no dia a dia”, introduz Gabriela Luxo, psicóloga, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento e fundadora da Clínica Diálogo Positivo.

Segundo ela, crianças que não são bem acompanhadas e supervisionadas por cuidadores e profissionais podem desenvolver determinados quadros psicológicos decorrentes da alta exposição. “É preciso tomar cuidado para isso não ganhar proporções maiores e essa criança se cobrar demais, começar a desenvolver um excesso de preocupação que não é esperado para essa faixa etária. A preocupação é sempre a mesma: ficar atento para que a criança não passe dos limites e fique sofrendo por algo que ainda não é esperado nessa idade”, complementa.

Pequenos que têm algum tipo de compromisso na área, como produzir conteúdos, por exemplo, devem ter sua responsabilidade dosada e equilibrada. Além disso, diante da exposição midiática, é comum que as crianças fiquem cercadas por muitos adultos além da família. Por isso, é imprescindível supervisão, relacionamento mais lúdico e falas leves, respeitando os limites dos pequenos e não os sobrecarregando. 

Gabriela destaca a importância de estimular o tempo livre para atividades típicas da infância, como brincar, além de cumprir os afazeres escolares para preservar o desenvolvimento cognitivo e as habilidades socioemocionais. “Estabelecer uma rotina ajuda muito a criança a entender o que está por vir, dá um norte, acalma. Então é importante que a criança saiba que ela terá um momento de trabalho, mas que terá momentos de lazer, repouso, de interação com outras de sua idade, sendo essa última fundamental”, destaca.

Ter um acompanhamento psicológico na infância também pode ser uma boa opção, entretanto, é indispensável a participação da família. “A percepção dos pais está na observação em relação ao comportamento, aos atos narcisistas, no jeito em como lida com as pessoas, na necessidade de chamar a atenção, em não aceitar as perdas ou rejeição, entre outros comportamentos que fogem do natural e saudável”, alerta Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências, mestre em Psicologia e membro da Sociedade de Neurociências dos Estados Unidos.

O profissional destaca, ainda, que há limite na exposição e ao que expor, bem como ao tempo em que a criança tem acesso às telas. “Vale a pena os pais investirem numa educação que não dê acesso às telas”, recomenda.

Por fim, Gabriela incentiva o diálogo entre pais e filhos. “É de extrema importância que esses pais estejam próximos, orientando e supervisionando. Quando eu digo supervisionando, não é invadindo a privacidade de crianças e jovens para ver o que estão fazendo, é realmente conversar sobre os perigos da internet, orientar, explicar que existem coisas boas e, infelizmente, ruins, e ensinar essa criança como ela deve se defender”, conclui.