Quadrilha usava toalha, peruca e até rosto pintado para desviar benefícios sociais

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O grupo era chefiado por Felipe Quaresma Couto Foto: Reprodução/TV Globo

Uma quadrilha desviou, por ao menos cinco anos, benefícios sociais ao conseguir burlar o sistema de segurança da Caixa Econômica Federal. De acordo com reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, o esquema dependia diretamente da cooptação de funcionários do banco e de casas lotéricas.

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O grupo, chefiado por Felipe Quaresma Couto, usava sofisticadas fraudes digitais, disfarces e pessoas vulneráveis para validar cadastros falsos e acessar o dinheiro de contas digitais de baixa renda.

De acordo com informações da polícia, o desvio de dinheiro era facilitado por uma “parceria do crime”. A quadrilha acessava as contas dos benefícios com a ajuda de funcionários da Caixa. A dimensão da corrupção é evidenciada pelo fato de que somente um desses funcionários recebeu mais de R$ 300 mil de propina.

No esquema, o funcionário apagava os dados dos beneficiários. Depois, criava um novo. O cadastro era reiniciado com outro e-mail, outro celular e um novo reconhecimento facial, mas mantendo o mesmo CPF, nome e data de nascimento da vítima. Desta forma, o dinheiro era desviado diretamente para os criminosos.

Para o reconhecimento facial, o grupo não se preocupava em alinhar fotos e nomes dos cadastros. O importante, para eles, era ser uma selfie bem tirada, bem clara e bem nítida. Como eles não podiam repetir a biometria, buscavam pessoas que nunca tinham passado pelo reconhecimento facial do banco.

A ideia era criar clientes falsos com dados verdadeiros roubados das vítimas. Eles conseguiam essas pessoas na rua. Felipe Quaresma e os comparsas também se disfarçavam, usando perucas louras, rostos pintados de preto e alterando o corte de cabelo para gerar novas fotos de validação.

A Caixa Econômica disse que participou das investigações, denunciou e afastou os funcionários envolvidos. Anderson Possa, vice-presidente de segurança, logística e operações da Caixa, afirmou que o banco está criando uma diretoria focada em prevenir e reprimir os crimes cibernéticos.

Felipe Quaresma Couto, cometia crimes desde 2020 e foi preso na última quinta-feira no bar onde trabalhava. As fotos de disfarce estavam nos celulares dele e de Cristiano Bloise de Carvalho, que também foi preso. Quatro outros integrantes estão foragidos.