O “puxadinho” que estava sendo construído nos fundos da Cadeia Pública Jorge Santana, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi derrubado. De acordo com o Extra, o evento aconteceu na última quinta-feira (19).

No local, seria feito um parlatório onde os presos receberiam visitas íntimas. A construção fez parte do diálogo captado por meio de escuta ambiental, entre o ex-secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro e um detento do Presídio Federal de Catanduvas.

Ele fez visitas nos dias 27 e 28 de maio deste ano. Montenegro foi preso acusado pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) de propor uma trégua aos presos dentro e fora da cadeira, para que ele tivesse vantagens políticas e financeiras.

Em troca, ele estaria oferecendo benefícios como a construção do parlatório e uma alimentação de qualidade aos acautelados. No diálogo entre o então secretário e o preso Cláudio José de Souza Fontarigo, ele diz que a administração dele fez o local, contrariando a secretaria de Saúde, que sugeria menos contato físico por causa da pandemia de Covid-19.

Ele diz: “cara, a gente ter a condição de montar o parlatório… o cara que tá lá um ano, um ano e meio sem ter contato íntimo com a mulher, voltou a ter contato íntimo com a mulher, pô. E a gente bancou isso no peito, contra a secretaria de saúde, contra a secretaria de não sei o que, contra a vontade do governador, por que? Vocês ganham espaço na medida que a gente consegue, todo mundo junto, trabalhar em favor da segurança” (sic).

Em outro trecho, Montenegro diz ao traficante Fabiano Atanásio que vem atendendo “as demandas” e ressalta que a favela é do bandido, não do estado: ” a gente conhece todo mundo… vem cá a gente fala o seguinte, meu irmão vem cá, o que tu faz na rua, tá na rua, meu problema é aqui dentro, agora o que eu não posso ter é um problema de dentro pra fora, que aí eu vou te cobrar… Agora pô, se você é dono dessa comunidade, problema é teu, quem administra é você não é o estado, isso é um problema teu, não me diz respeito, eu não vou trazer guerra de fora pra dentro, não vou”.

Ele, então, segue: “tanto é que a gente tem um coletivo hoje que eu arrisco dizer que é muito tranquilo, a nossa relação com o coletivo é muito tranquilo, eu toda semana vou lá, escuto a, a, a comissão, entendo, converso, recebo as demandas, tento dar andamento nas demandas, alguma a gente consegue, outras a gente não consegue, você sabe assim, na condição que vocês tão, vocês pedem muito a gente às vezes não consegue dar vazão a tudo, a lei não permite que a gente atenda tudo” (sic).