Putin quer negociações ‘imediatas’ com a Otan sobre a segurança da Rússia

Putin quer negociações 'imediatas' com a Otan sobre a segurança da Rússia

O presidente russo Vladimir Putin exigiu nesta terça-feira (14) negociações “imediatas” com a Otan e os Estados Unidos sobre as garantias para a segurança da Rússia, em um contexto de tensões pela Ucrânia.

“Vladimir Putin destacou a necessidade do início imediato de negociações com os Estados Unidos e a Otan para definir as garantias jurídicas para a segurança de nosso país, com o objetivo de descartar a futura ampliação da Aliança para o leste e a instalação de sistemas de armamento que ameacem a Rússia na Ucrânia e outros Estados vizinhos”, afirmou Kremlin em um comunicado após uma conversa do presidente russo com o colega finlandês, Sauli Niinisto.

A Finlândia é um intermediário tradicional entre a Rússia e seus rivais ocidentais.

O presidente russo já havia transmitido exatamente a mesma mensagem durante uma entrevista pessoal com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.

Para Putin, essas negociações devem permitir “excluir a futura expansão da Aliança para o Leste e o desenvolvimento de sistemas de armas que ameaçam a Rússia na Ucrânia e em outros países vizinhos”.

Durante uma conversa por videoconferência no início do mês, o presidente russo exigiu de seu colega dos Estados Unidos, Joe Biden, garantias jurídicas para excluir qualquer nova ampliação da Otan.

Moscou considera que os ocidentais, ao abrir a Aliança para países do leste da Europa e da ex-URSS, violaram as promessas feitas após a queda da União Soviética.

Por sua vez, Washington e a UE advertiram Moscou de que, no caso de uma incursão armada na Ucrânia, a Rússia enfrentaria sanções econômicas sem precedentes, mesmo que as medidas retaliatórias, tomadas desde 2014 até agora, tenham tido pouco efeito na política russa.

– A “linha vermelha” –

O governo russo considera que uma eventual adesão da Ucrânia à Otan representa uma linha vermelha. A Rússia já anexou a península ucraniana da Crimeia, em resposta a uma revolução pró-Ocidente em Kiev em 2014.

Mesmo assim, os países ocidentais se recusaram a excluir qualquer expansão da Otan, apesar dos avisos de Moscou.

O bloco ocidental também acusa a Rússia de patrocinar política, econômica e militarmente separatistas pró-russos, contra os quais as forças ucranianas estão em guerra há quase oito anos no leste da Ucrânia.

Neste contexto, suspeitam que a Rússia está preparando uma invasão da Ucrânia, após o envio de tropas à fronteira comum.

O Kremlin nega as acusações e afirma que é ameaçado pela Otan, que fornece armas para a Ucrânia e desloca meios aéreos e marítimos na região do Mar Negro.

Nesta mesma terça-feira, o exército russo anunciou que havia “monitorado” uma fragata francesa que entrou no Mar Negro. Na semana passada, afirmou ter interceptado várias aeronaves francesas e americanas.

Por fim, em sua entrevista com o presidente finlandês, Putin acusou mais uma vez o governo ucraniano de violar os acordos de Minsk, que estabeleceram um roteiro para a paz no conflito no leste da Ucrânia, a região de Donbass.

Segundo ele, as autoridades ucranianas “optaram pela força, usando armas pesadas e drones de ataque no Donbass”.