O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu nesta sexta-feira (23) uma “resposta simétrica” ao recente teste por parte dos Estados Unidos de um míssil de alcance médio, o primeiro executado pelo país desde a Guerra Fria.

“Ordeno aos Ministérios russos da Defesa e das Relações Exteriores que examinem o nível da ameaça para nosso país pelos atos dos Estados Unidos, e que sejam adotadas medidas exaustivas para preparar uma resposta simétrica”, declarou Putin, em uma reunião do Conselho de Segurança.

Executado no domingo perto da ilha de San Nicolas, na costa da Califórnia, o teste confirmou o fim do tratado de desarmamento INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário), que proibia o uso por parte da Rússia e dos Estados Unidos de mísseis terrestres com alcance de 500 a 5.500 quilômetros.

O tratado foi oficialmente suspenso há menos de um mês pelas duas potências rivais, que trocaram acusações de violação do pacto.

Rússia e China condenaram de forma imediata o teste americano, denunciando o risco de uma “escalada das tensões militares” e de uma retomada da corrida armamentista.

“Está claro que (o teste de mísseis dos Estados Unidos) não foi resultado de improvisação, mas mais um elo em uma cadeia de eventos planejada há muito tempo”, disse Putin.

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“Isso apenas confirma a veracidade das nossas preocupações expressadas anteriormente”, acrescentou.

– “Violação evidente” –

Desde o começo do ano, Moscou e Washington não pararam de acusar um ao outro de violar o tratado INF.

Os americanos acreditam que o míssil russo 9M729 tenha um alcance de 1.500 km, o que Moscou nega.

Já a Rússia denuncia o sistema de defesa antimísseis americano Aegis Ashore, implantado na Polônia e na Romênia, e que poderia ser usado ofensivamente para enviar mísseis contra seu território.

“A violação é óbvia, é inútil responder”, denunciou Putin.

“Mas isso levanta uma questão: como podemos saber o que será implantado na Romênia e na Polônia?”, questionou.

Putin acredita que “a verdadeira intenção” dos Estados Unidos seja “implantar mísseis previamente proibidos em diferentes regiões do mundo”.

Mas sua implantação, na Europa e na Ásia, “afeta nossos interesses básicos, já que está perto das fronteiras da Rússia”, alertou o presidente.

“Nós nunca quisemos, não queremos e não nos deixaremos arrastar para uma corrida armamentista, muito cara e destrutiva para a nossa economia”, enfatizou.

Com o fim do tratado INF, apenas um acordo nuclear bilateral entre Moscou e Washington continua em vigor: o tratado START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), que mantém os arsenais nucleares dos dois países bem abaixo dos níveis da Guerra Fria. Este tratado expira em 2021.



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