Os presidentes da Rússia e China exibiram nesta quarta-feira (15) sua relação “modelo” em uma videoconferência e anunciaram a visita de Vladimir Putin aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em um momento de tensão entre os dois países e o Ocidente.

O tom amistoso da conversa, exibida parcialmente pela televisão russa, contrasta com as críticas ocidentais a Moscou, sob suspeita de preparar uma invasão à Ucrânia, e a Pequim pela repressão em Xinjiang e Hong Kong.

Putin elogiou a relação entre as duas potências, baseada na “não interferência, respeito dos interesses de cada um e determinação de de transformar a fronteira comum em um cinturão de paz eterna e boa vizinhança”.

“Considero estas relações como o verdadeiro modelo da cooperação interestatal no século XXI”, disse o presidente russo a seu “querido amigo” Xi Jinping.

O presidente chinês destacou a “vitalidade” das relações bilaterais e considerou que os dois países se tornaram os representantes do “verdadeiro multilateralismo e da defesa da igualdade internacional e da justiça”, segundo a agência estatal Xinhua.

O conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Uushakov, afirmou que a reunião foi uma conversa entre “dois colegas, dois amigos”.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

A videoconferência ilustra a proximidade entre os dois chefes de Estado, especialmente em comparação com as conversas menos cordiais mantidas recentemente por ambos com o presidente americano Joe Biden.

O presidente russo também confirmou que os dois se encontrarão pessoalmente em Pequim em fevereiro, ara a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno (4-20 de fevereiro).

Os dois presidentes não se reúnem presencialmente desde o início da pandemia.

– Esporte e política –

Putin afirmou que tanto Xi Jinping como ele são contrários a “qualquer tentativa de politizar o esporte e o movimento olímpico”.

A China criticou a recente decisão dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália de não enviar representantes políticos a Pequim-2022 como resposta às violações dos direitos humanos, especialmente na região de maioria muçulmana de Xinjiang (noroeste da China).

Moscou afirmou que o “boicote diplomático” é uma tentativa de politizar os Jogos.

A Rússia também se considera vítima da politização do enorme escândalo de doping que afeta há vários anos sua credibilidade esportiva, embora Moscou negue qualquer envolvimento.

Acusada em 2015 de ter organizado um sistema de doping estatal, a Rússia foi suspensa das grandes competições internacionais até 2022 e seus atletas “limpos” são autorizados a competir como participantes neutros dos eventos.

Além disso, suas autoridades políticas, incluindo Putin, não podem comparecer às competições, exceto em caso de convite do chefe de Estado do país organizador, como acontecerá em Pequim.

– Tensões com o Ocidente –


As relações da China e Rússia com as potências ocidentais passaram por uma crise nos últimos anos. Desta maneira, ambos desejam projetar uma unidade para servir de contrapeso.

Os países cooperam no Conselho de Segurança da ONU, onde são membros permanentes, e reforçaram os vínculos nas áreas de economia, defesa e energia.

Atualmente, a Rússia é alvo de críticas da União Europeia e dos Estados Unidos por suas manobras militares na fronteira com a Ucrânia, que provocam o temor de uma possível invasão.

A questão era um dos temas previstos para a reunião desta quarta-feira entre a UE e as ex-repúblicas soviéticas, um fórum que Moscou observa com receio.

A China é criticada habitualmente por Washington e seus aliados pela pressão militar sobre Taiwan, o tratamento reservado à minoria muçulmana uigur ou a restrição das liberdades na cidade supostamente semiautônoma de Hong Kong.

burs-alf/gkg/lch/dbh/mar/fp


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias