O presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, buscam nesta quarta-feira (3) fortalecer as alianças contra o Ocidente e aumentar a sua influência na Ásia Central, em uma reunião de cúpula no Cazaquistão.

Putin pousou de manhã no aeroporto de Astana, capital da principal economia da Ásia Central, onde acontece nesta quinta-feira a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), e Xi Jinping chegou na terça-feira.

Os membros permanentes da OCS são Cazaquistão, Índia, China, Quirguistão, Paquistão, Rússia, Tadjiquistão, Uzbequistão e, desde o ano passado, o Irã. No total, representam 40% da população mundial.

A adesão de Belarus, o primeiro aliado da Rússia na guerra na Ucrânia, será anunciada no final da cúpula, na quinta-feira.

“O principal é demonstrar ao mundo que existem (…) outros centros de poder nos quais os interesses de todos os Estados são respeitados, sem exceção”, declarou o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, em uma entrevista à agência de notícias cazaque Kazinform.

A organização foi concebida para ser uma plataforma de cooperação ante as organizações ocidentais, que busca contribuir para a ascensão de um mundo “multipolar”, termo frequentemente usado pelos líderes russos e chineses.

No entanto, há inúmeras divergências entre seus membros. Embora Rússia e China desejem formar uma frente comum contra as potências ocidentais, são rivais históricos pela influência na Ásia Central, uma região rica em hidrocarbonetos e fundamental para o transporte de mercadorias entre a Europa e a Ásia.

Putin e Xi iniciaram uma reunião nesta quarta-feira como parte dos encontros bilaterais previstos à margem da cúpula, um mês e meio após a viagem do presidente russo à China para buscar mais apoio em sua guerra na Ucrânia.

– Influência na Ásia Central –

Putin também se reuniu com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país é um “sócio de diálogo” da OCS e que convidou o presidente russo a visitar a Turquia.

“Definitivamente, eu irei”, disse Putin.

A Turquia, membro da Otan, propôs diversas vezes um papel de mediação para acabar com o conflito na Ucrânia.

Rússia, China e Turquia são países que historicamente buscam expandir a sua influência na Ásia Central.

Os cinco países da região – Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão – são antigas repúblicas soviéticas e compartilham laços históricos, culturais, linguísticos e econômicos com a Rússia.

Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, Moscou tenta manter a sua influência nestes países, desafiado pelo crescente investimento econômico da China na região.

A Ásia Central é um elo essencial na iniciativa chinesa das Novas Rotas da Seda, um gigantesco projeto de infraestruturas que começou há dez anos promovido por Xi Jinping.

O presidente chinês celebrou a “aliança estratégica eterna” entre Pequim e Astana, informou um veículo estatal cazaque na terça-feira.

Mas as potências ocidentais também têm vontade de destacar sua presença nesta região, visitada recentemente por vários governantes da União Europeia.

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