Apesar de ser acusado de fraude pela Organizações das Nações Unidas (ONU) e pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o presidente russo Vladimir Putin assinou nesta sexta-feira,30, a anexação ilegal de 15% do território da Ucrânia. O ato tresloucado de Putin desperta o temor da Europa à reação que as forças da Otan podem vir a ter diante do ato autoritário e ilegal do mandatário russo, que anunciou a anexação das quatro regiões ucranianas em Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, onde moram cerca de 4 milhões de pessoas, depois de plebiscitos manipulados pelo Kremlim. Em seu discurso nesta manhã, Putin declarou que irá defender estes territórios anexados com “todos os meios ao nosso dispor”. Incluindo armas nucleares.

“Os cidadãos da Rússia podem ter certeza da integridade territorial da nossa nação, nossa independência e liberdade serão garantidas. Vou enfatizar isso novamente, com todos os meios ao nosso dispor. E os que tentarem nos chantagear com armas nucleares devem saber que os ventos predominantes podem se virar na direção deles.”

Putin ainda voltou a criticar o Estados Unidos em seu discurso. “Eles tem uma motivação cruel e por isso são agressivos contra estados independentes, contra culturas tradicionais. Para eles é importante que todos os países se rendam aos Estados Unidos, e muitos, voluntariamente, concordam em se tornar vassalos dos EUA.”

O presidente russo utilizou o argumento da dissolução da União Soviética para justificar a apropriação ilegal dos territórios e afirmou que a partir de agora, os moradores dessas regiões “se tornarão cidadãos russos para sempre”. “As pessoas foram retiradas da sua pátria natal quando a União Soviética acabou”, declarou o ensandecido Putin.

Mas o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reagiu rapidamente e condenou a ação russa. “Qualquer decisão de prosseguir com a anexação das regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk na Ucrânia não terá valor legal e merece ser condenada”.

Zelensky, por sua vez, afirmou que “apenas terroristas completos poderiam fazer isso e não deveriam ter espaço no mundo civilizado”. O presidente ucraniano usou expressões fortes para classificar a anexação, chamando a Rússia de “Estado terrorista” e “escória sanguinária”.

Ao ser questionado, o porta-voz russo, Dmitry Peskov, disse que um ataque da Ucrânia aos territórios anexados pela Rússia “seria um ataque à própria Rússia”. Com a anexação ilegal dos territórios, Putin tenta vender a ideia para a sua população de que está vencendo a guerra para acalmar os ânimos dos russos. Afinal, depois do anúncio de convocação de 300 mil reservistas, a medida causou êxodo, com fuga em massa de jovens e protestos de populares em Moscou.

O número estimado de russos que fugiram do país já são 200 mil. Para tentar contornar essa situação, o Kremlin suspendeu os passaportes de homens russos que estão aptos para ir á guerra e fechou estradas nesta sexta-feira. Nem o próprio povo russo quer lutar esta guerra, que já dura sete meses, com milhares de mortes e destruição de parte do território ucraniano.