Ao fazer um balanço dos cem primeiro dias do governo João Doria (PSDB) em São Paulo, a bancada do PT, de oposição ao prefeito na Câmara Municipal, anunciou que o partido fará ações na porta das escolas municipais para conscientizar pais de alunos sobre cortes em programas como o Leve Leite e no Transporte Escolar Gratuito (TEG). A primeira ação deverá ocorrer já nesta quinta-feira, 13.

“Vai ser o ‘PT na Escola’. A gente vai distribuir material produzido pela bancada que mostra o corte do Leve Leite para quase 700 mil crianças e vamos aproveitar para iniciar a coleta de assinaturas em um grande abaixo-assinado para o prefeito devolver o leite das crianças. A ideia é que a gente possa mobilizar os pais e mães”, disse o presidente municipal do partido, vereador Paulo Fiorilo.

A proposta do partido é percorrer escolas da cidade e fazer uma campanha com o mote “prefeito, devolva o leite das crianças”. Os petistas, entretanto, esperam evitar a polêmica causada pela entrada em uma escola municipal feita pelo vereador Fernando Holiday (DEM), do Movimento Brasil Livre (MBL), que gerou atritos com o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider.

“Não vamos entrar na escola. Vamos ficar na via pública, conversando na porta da escola. Não é nada parecido com o que o Holiday fez”, disse o líder da bancada na Câmara, Antonio Donato.

“O que acontece, e a gente percebeu isso nas escolas, é que tem muito pai e mãe que acha que houve um atraso, não sabe que foi tirado um direito.”

“A ideia é que a gente possa dialogar com os pais e as mães que estão levando seus filhos e que perderam esse benefício tão importante nesse momento. Portanto, é um debate externo. Se haverá outros, com posições conservadoras, de direita, retrógrados, não sabemos. Mas nós vamos fazer a defesa do que a gente acha que é legítimo que é a política de distribuição de leite”, completou Paulo Fiorilo.

A oposição anunciou ainda que, além das ações nas escolas, fará caravanas pelas regiões periféricas da cidade para expor problemas da atual gestão. Um dos focos será as ações de zeladoria que, segundo o PT, estão concentradas nas vias mais importantes e ficaram abandonadas no miolo dos bairros.

Judicialização

Paralelamente ao trabalho de base, no balanço dos cem dias de governo, a oposição informou já ter ingressado quatro ações judiciais contra medidas adotadas pela gestão Doria e informou haver uma reunião com o procurador geral de Justiça do Estado, Gianpaolo Smanio, nesta terça-feira.

Uma das ações questiona o fechamento de secretarias criadas por lei municipal, como a de Políticas para Mulheres e a Controladoria-Geral do Município. No entender do partido, elas só poderiam ter sido fechadas por outra lei, aprovada pela Câmara, e não com um decreto municipal anulando as leis que as criaram.

Outra ação questiona as doações de espaços publicitários feitos pela empresa Ultrafarma à Prefeitura, durante a partida da seleção brasileira de futebol contra o selecionado do Uruguai pelas eliminatórias da Copa, há duas semanas. Para o partido, a doação não respeitou regras de parcerias entre o Estado e entidades privadas.

Ainda nessa linha, outra ação questiona a parceria entre a Prefeitura e uma consultoria para a elaboração do plano de metas da cidade. O partido argumenta que a consultoria poderia ter tido acesso a informações sigilosas de contribuintes da cidade. Por fim, há uma ação que questiona as mudanças do Leve Leite. Não há decisão judicial sob nenhuma das ações. A gestão Doria não se manifestou sobre as ações.