As denúncias de importunação sexual contra MC Guimê e Cara de Sapato, no BBB23, seguem levantando questões sociais e, também, psicológicas. Isso porque os desdobramentos do comportamento da dupla com Dania Mendez ainda têm gerado debates dentro e fora do reality show.

À ISTOÉ, o psicólogo Alexander Bez explica que essa é uma oportunidade importante para levantar alguns transtornos que levam a tais atitudes.

“No caso de pessoas que cometem esse tipo de atitude, por questão cultural ou estrutural associada ao machismo, podem encontrar na terapia e nas punições públicas alguma forma de repensar seus atos”, começa Bez, que te 20 anos de atuação na área.

“Mas, quando é uma questão patológica, quando a pessoa tem uma personalidade sádica, quando é uma pessoa perversa sexualmente, aí, é difícil de acontecer mudanças. O melhor caminho, nesses casos, sempre é a punição. A punição pública é uma boa forma de ajudar as pessoas a aprenderem, e o único jeito de você conter um agressor é punindo”, adverte.

O especialista, no entanto, acredita que, infelizmente, no Brasil, as penas são muito fracas. “Sempre defendi penas mais fortes, especialmente, para esse tipo de caso. E, nesse caso como o do ‘BBB’, temos um agravante porque a pessoa está em um programa em rede nacional, o Brasil inteiro está vendo. Se o cara faz isso num programa de TV dessa magnitude, imagina o que ele pode fazer na sua vida privada? Então, as punições tem que ser aplicadas mesmo”, continua.

Para a vítima, ver a punição, diz ele, é, sem sombra de dúvida, um ponto positivo para “seu psicológico”.

“E para outras vítimas, essa exposição será muito influenciadora para que elas denunciem também. Não só a exposição, mas também a punição. Esses dois fatores são importantes até para a vítima entender que outras mulheres também não passarão por isso a partir desse momento, e para que saiam desse transtorno de estresse pós-traumático vivido intimamente por elas”, justifica.

Bez orienta que o debate ajuda mulheres a perceberem que, o primeiro a se fazer, é “barrar a atitude e retrucar a ação imediatamente”.

“É preciso deixar claro que ele está rompendo um limite que nunca foi autorizado, além de denunciar. Mesmo que seja um processo longo, isso tem que acontecer com cada vez mais frequência na sociedade, tanto a exposição quanto a punição de agressores”, conclui o especialista em relacionamento e saúde mental.