‘PSDB não está à venda’, diz presidente sobre futuro do partido

Em entrevista à IstoÉ, tucano descartou possibilidade de incorporação e vê a fusão como caminho para manter a raiz da legenda viva; leia a entrevista completa

Leonardo Monteiro/IstoÉ
Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, nos estúdios da IstoÉ Foto: Leonardo Monteiro/IstoÉ

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou, em entrevista exclusiva à IstoÉ, que o partido “não está à venda” e descartou a possibilidade de incorporação com outras legendas. Para Perillo, a alternativa cogitada pelos tucanos é a fusão com outro partido para atingir a cláusula de barreira.

A declaração rechaça um possível acordo de incorporação com MDB e PSD, que estão com negociações em andamento com a cúpula tucana. Ambas as legendas querem o ativo do PSDB, mas sem alterar seus nomes e quadros de filiados.

Nos últimos dias, como mostrou a IstoÉ, outros partidos tentaram atravessar as negociações para angariar o ativo dos tucanos. O mais próximo, por enquanto, é o Podemos, que avançou na possibilidade de acordo nos últimos dias.

“O primeiro ponto que coloco é que o PSDB não é um partido qualquer. O PSDB não está à venda. Eu disse na semana passada e vou continuar insistindo nisso: o PSDB vai continuar, vai continuar porque ele é importante para o Brasil”, afirmou.

“Não é possível a incorporação porque boa parte das nossas lideranças, os nossos fundadores, os nossos líderes, não concordam com incorporação, porque a incorporação significa perder toda a nossa essência. Significa a gente aderir a outro partido e deixar de existir”, concluiu Perillo.

O ex-governador de Goiás pregou cautela sobre o prazo para uma possível fusão do partido e disse haver cuidado para evitar prejuízos à legenda. Internamente, há preocupação com a distribuição do fundo partidário, além da possibilidade de perda do tempo de TV.

“Agora, nós vamos avaliar o nosso futuro com calma, sem pressa, para não tomar uma decisão de afogadilho que possa comprometer o nosso futuro. Eu te diria o seguinte: a gente pode até chegar ao ponto de fazermos uma fusão, pode ser que isso ocorra, eu acho até desejável, mas preservando o nosso programa, preservando as nossas ideias, o nosso ideário, preservando inclusive o nosso nome, salvo se a gente for buscar um outro nome consentâneo com a realidade, com a modernidade e através de uma profunda pesquisa qualitativa, por exemplo”, pontuou o presidente tucano.

“Há uma preocupação quanto à segurança do partido por conta do fundo eleitoral, do tempo de televisão, mas, como presidente, eu vou continuar defendendo a integridade desse partido, que foi e tem uma importância muito grande para o futuro do país.”

A IstoÉ apurou que PSD, MDB e Podemos não foram os únicos a abrir conversas com os tucanos. Fontes da legenda apontaram que União Brasil e Republicanos também procuraram lideranças do partido para abrir negociações, mas as tratativas ainda engatinham e não devem vingar momentaneamente.

Enquanto não há uma definição sobre o futuro, correligionários tucanos ameaçam deixar o partido. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, já afirmou que pode fazer um movimento para se transferir ao PSD nas próximas semanas. Outro que deve seguir o mesmo caminho é o ex-prefeito de Ribeirão Preto Duarte Nogueira, que comanda a federação tucana com o Cidadania.

Perillo driblou as ameaças e afirma ter pedido paciência aos colegas de partido. Mesmo com o pedido, ele afirmou que não deverá atrapalhar o caminho daqueles que desejam seguir para outras legendas.

“Também tenho conversado muito com cada governador. A governadora Raquel tem sido muito correta comigo. Ela já gostaria de ter saído ou procurado um outro caminho, especialmente mais próximo ao governo do Lula, há mais tempo”, declarou Marconi.

“E eu tenho pedido a ela paciência, um pouco de tempo para que a gente possa tentar encontrar um caminho coletivo. Eu tenho muito respeito por ela, que faz um grande governo em Pernambuco. Agora, nós também não vamos atrapalhar o caminho dela, o projeto dela, que é um projeto importante, certamente, para Pernambuco”, ressaltou.

 

Leia a entrevista completa

IstoÉ – Qual é o futuro do PSDB agora? Como eu disse aqui na abertura, há negociações em andamento para fusão, incorporação. Só que o senhor disse há pouco tempo que essas possibilidades estão descartadas e que o PSDB vai se manter vivo hoje. Essa vai ser a realidade? O PSDB vai se manter como um partido independente, ou ainda há negociações em andamento para a fusão ou incorporação?

Marconi Perillo – O primeiro ponto que coloco é que o PSDB não é um partido qualquer, não é qualquer partido. Eu já estou filiado ao PSDB há 30 anos, desde 95, e tenho pelo PSDB muito mais do que amor, mas compromisso: compromisso ideológico, compromisso programático, compromisso de vida. Eu vi esse partido mudar o Brasil, não apenas no tempo em que eu fui senador, mas desde o começo do Plano Real, desde a fundação do PSDB. O compromisso do PSDB tem sido a favor do Brasil.

Mudanças, reformas sociais, econômicas, políticas que ajudaram a dar um outro formato a esse país. Então, o PSDB não está à venda. O PSDB é um partido que tem uma história que se confunde com essa história recente do Brasil. Nas reformas, as mudanças na área social, o PSDB já está na sua terceira geração de líderes. A primeira geração dos tucanos ocorreu com Montoro, Covas, Fernando Henrique, Serra, Pimenta da Veiga, José Richa.

A segunda geração foi de governadores que vieram depois: Aécio, eu e muitos outros governadores, Geraldo Alckmin, e um pouco da primeira geração. Beto Richa, enfim, muitos dos que vieram depois e que governaram. Nós governamos 18 estados, e hoje a gente tem uma terceira geração de prefeitos e governadores jovens, de parlamentares novos também. Nós temos três excelentes governadores: a governadora Raquel, de Pernambuco; o governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; e o Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul.

A segunda geração também tem o Azambuja, que foi prefeito, depois governador do Estado de Mato Grosso. Enfim, a gente tem uma plêiade de homens e mulheres que, ao longo do tempo, deram uma enorme contribuição aos seus estados, aos seus municípios, ao seu país. Portanto, não é fácil falar em fim do PSDB, em fusão, incorporação ou até mesmo ampliação da federação.

Eu disse na semana passada e vou continuar insistindo nisso: o PSDB vai continuar, vai continuar porque ele é importante para o Brasil. Agora, é que começa a haver uma fadiga, começa a haver um cansaço em relação a essa radicalização de extrema esquerda com a extrema direita, cujos resultados não chegam para a população. Então, eu não vou ficar falando em fusão, incorporação, tampouco vou me negar a conversar, dialogar.

O PSDB é um partido plural. Não é porque eu sou presidente que eu mando no partido, que eu dito as normas do partido. Não é assim que funciona o PSDB. Eu devo ser o 25º presidente do PSDB ao longo da sua história. PSDB é um partido que teve rodízio de presidentes. Tivemos excelentes presidentes na geração passada, na segunda geração, e hoje a gente procura uma executiva qualificada, com bancadas qualificadas, com governadores qualificados, contribuir com o país.

Então, essa questão de fusão e de incorporação vai continuar sendo tratada. Mas eu, particularmente, vou continuar defendendo a continuidade do PSDB com seu programa a favor do Brasil, com candidato à presidência pelo PSDB, um candidato aos governos estaduais, ao Senado e às câmaras e às assembleias. Então, eu diria que essa discussão sobre incorporação, fusão, é uma discussão que vai continuar ocorrendo no partido, até porque o partido tem muita liderança.

Há uma preocupação quanto à segurança do partido por conta de fundo eleitoral, tempo de televisão, mas, como presidente, eu vou continuar defendendo a integridade desse partido, que foi e tem uma importância muito grande para o futuro do país.

O senhor falou um ponto que eu achei bem interessante: o PSDB não está à venda. Eu até anotei aqui que é uma frase forte. Queria saber do senhor se, em algum momento, algum trato de negociação chegou a incomodar o senhor. 

Não, de forma alguma. Quando eu digo “não está à venda”, é uma força de expressão. Ou seja, nós não estamos lá no balcão para qualquer tipo de negociação. Aliás, se nós chegamos às dificuldades que enfrentamos hoje com uma bancada pequena na Câmara, agora a gente conseguiu mais dois senadores. Já somos uma bancada com liderança no Senado, três bons senadores.

E porque o PSDB sempre se negou a fazer o que muitos outros partidos fazem? Nós não somos um partido de balcão de negócios. Nós não somos um partido que pende para um lado ou para o outro, ora para a esquerda, ora para a direita. Nós temos compromissos ideológicos com as nossas ideias e com o nosso programa.

E aí, a gente paga um preço. Os partidos que não têm esse tipo de compromisso programático, eles sempre têm ministérios. Eles sempre têm emendas mais do que os outros. E com isso, eles vão se agigantando, vão crescendo. E nós, que somos coerentes, pagamos pela nossa coerência, pagamos pela nossa lealdade aos nossos valores, aos nossos princípios. E é por isso que agora, com o advento da cláusula de barreira defendida e proposta por nós tucanos, é preciso rever o caminho a ser percorrido, sob pena de sermos extintos.

Não. Eu acho que é ruim para o debate político no Brasil, o debate de ideias, que um partido como o nosso passe por essa dificuldade e não consiga dar a volta por cima. E é o que nós estamos fazendo. Nas eleições municipais, nós conseguimos eleger 274 prefeitos, bem mais do que o PT, que tem o governo federal. As pessoas às vezes não colocam isso.

Muitos articulistas não falam disso. Mas a verdade é que o PSDB conseguiu eleger mais prefeitos do que o PT e elegeu mais prefeitos do que muitos outros partidos. Então, na eleição municipal, a gente já fez um esforço para continuar como partido, oferecendo ao país ideias, porque esse é o nosso compromisso. E não só ideias, exemplos de boas gestões, de bons programas implantados não só no governo FHC, mas nos nossos governos estaduais e nas prefeituras que administramos.

Eu citei aqui que há negociações em andamento com o MDB e o PSD, por enquanto, mas nos bastidores há outros dois ou três partidos também que estão pelo menos conversando. Queria saber como está atualmente a fase de negociação com esses partidos. Há uma possibilidade dessa decisão ser tomada já nas próximas semanas, até no próximo mês de março? E eu queria saber quais são as condições do PSDB para se unir ou até mesmo fundir o partido.

À exceção do PT e do PL, que são os partidos mais extremados hoje, todos os demais procuraram e todos os demais têm procurado a mim e procurado aos nossos líderes no Congresso Nacional e aos governadores. Têm procurado também os nossos ex-presidentes, os nossos ex-governadores. Temos lideranças muito importantes que são procuradas todos os dias. Não é só o presidente Aécio Neves, Tasso Jereissati.

Os nossos três governadores, Pimenta da Veiga, José Aníbal, foram presidentes do partido. Teotônio Vilela, José Serra, enfim, todas essas figuras são procuradas porque são importantes, têm relevância. Além, é claro, dos nossos dois líderes na Câmara, no Senado e dos nossos parlamentares. Como eu já te disse, o PSDB não é um partido que tem dono, o PSDB é um partido democrático.

A gente exercita a democracia interna, a gente exercita o diálogo interno. Então, nós fomos procurados por todos. Agora, nós vamos avaliar o nosso futuro com calma, sem pressa, para não tomar uma decisão de afogadilho e que possa comprometer o nosso futuro. Eu te diria o seguinte: a gente pode até chegar ao ponto de fazermos uma fusão, pode ser que isso ocorra, eu acho que até desejável, mas preservando o nosso programa, preservando as nossas ideias, o nosso ideário, preservando inclusive o nosso nome, salvo se a gente for buscar um outro nome consentâneo com a realidade, com a modernidade e através de uma profunda pesquisa qualitativa, por exemplo.

Mas a minha defesa é que o PSDB continue. E se a gente fizer algum tipo de movimento, que a gente preserve o nome.

Ou seja, o senhor será a favor da fusão e não da incorporação.

Olha, não é possível a incorporação porque boa parte das nossas lideranças, os nossos fundadores, os nossos líderes, não concordam com incorporação, porque a incorporação significa perder toda a nossa essência. Significa a gente aderir ao outro partido e deixar de existir. É o que os militantes, os fundadores, querem: que o PSDB não deixe de existir. Eu acho que isso vai fazer bem à história, vai fazer bem ao nosso país. O PSDB tem 1.350.000 filiados atualmente.

Nesse momento, então, é um número muito considerável de filiados. É uma militância que é forte no Brasil todo.

O PSDB foi criado ali no finalzinho da década de 80, foi presidente ali da turma do Movimento Democrático Brasileiro, do MDB, e teve a presidência da República entre 94 e 2002. Já teve o Governo do Estado de São Paulo por quase 30 anos, com os governadores Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, além do João Doria, que foi o último governador do PSDB aqui em São Paulo, e também do Rodrigo Garcia, que se filiou no ano de 2018 e assumiu o governo do Estado. Eu queria saber do senhor o seguinte: fazendo uma análise, o que aconteceu com o PSDB para chegar no nível de se cogitar uma fusão hoje? Porque o PSDB já foi um partido que teve a maior disputa polarizada, a maior polarização política até a entrada do Jair Bolsonaro na política nacional presidencial. Com o PT, PSDB e PT disputaram, acho que quatro ou cinco eleições diretas consecutivas a presidência da República, primeiro e segundo turno. Queria saber do senhor o que aconteceu para o PSDB estar no estado que está hoje.

Olha, a resposta mais adequada seria o fato de que nós deixamos de polarizar com o PT. Em 2018, depois de 20 anos polarizando com o PT, disputando todas as eleições com o PT, naturalmente recebendo votos de centro-esquerda, voto de centro, voto de direita, o PSDB parou de polarizar. 

O Brasil passava pela questão do petrolão, passava pela crise do Lava Jato. Vários dos nossos líderes foram de alguma maneira afetados por isso e também por alguns equívocos. Na eleição de 2018, por exemplo, o PSDB quis polarizar com o Bolsonaro. O eleitor do PSDB não compreendeu isso. Quando o PSDB começou a bater no Bolsonaro, o eleitor que era nosso, que era de direita, de centro-direita, imaginou que nós estivéssemos aliados ao PT — e nunca fomos.

É estranho pensar isso, porque nós sempre fomos os antagonistas. Primeiro o PT em relação aos nossos governos. Aliás, um antagonista muito duro, muito radical, que foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, foi contra o Plano Real, foi contra as reformas, por exemplo, que colocaram o telefone celular nas mãos de todos os brasileiros. Foi contra uma série de mudanças propostas pelo PSDB, como o Fundef, etc.

E depois nós passamos a polarizar também com o PT, fazendo oposição ao partido no governo federal. Claro que não foi aquela oposição raivosa, aquela oposição que não considerava o que era melhor para o Brasil, mas fizemos oposição. À medida que a gente se equivoca em 2018, batendo no Bolsonaro e deixando de bater no PT, que era o nosso adversário eleitoral, ou que a gente estava ‘meio que aliado’, ou nos bastidores, alinhado com o PT.

Não era isso. Foi uma mensagem equivocada para o nosso eleitor. Tanto é que nós terminamos com cerca de 5% dos votos na eleição de 2018 e depois em 2022, quando o PSDB deveria voltar, o PSDB volta sem candidato a presidente. Corremos apenas alguns governos estaduais, com alguns senadores e alguns deputados federais. Elegemos uma bancada de 13 deputados federais.

Então, não ter candidato em 2022 foi talvez o maior dos nossos erros. E olha que nós fizemos uma prévia democrática no ano anterior para escolher o nosso candidato: Eduardo Leite e o João Dória disputaram, quase empataram, mas João Doria ganhou. Por uma série de circunstâncias, o PSDB entendeu naquele momento que era melhor acertar-se com o MDB, principalmente por conta do governo de São Paulo.

E deixamos de ter candidato a presidente da República. Na minha opinião, esse foi um grande equívoco. Já tínhamos cometido outros equívocos anteriormente, mas esses equívocos foram aqueles que nos levaram a essa situação, a essa situação difícil. Claro que nós acertamos muito também. Tanto acertamos que já estamos há 23 anos fora do governo federal e graças aos governos estaduais realizamos vários de nós.

Como eu já disse, administramos 18 estados desde a fundação do PSDB para cá. Nós nos mantivemos como um partido que era uma alternativa do ponto de vista de programa de ideias ao país.

O senhor falou que o eleitor do PSDB é de centro-direita, mas o início do PSDB, quando o partido nasceu, o estatuto previa que o partido seria de centro-esquerda, mais ligado ao centro, mais centro-esquerda. O senhor citou que cometeram erros. Teve o erro, por exemplo, nas eleições de 2022, de não ter lançado candidato à Presidência. Erros consequentes até dos anos anteriores. Mas alguns especialistas acreditam que o partido perdeu a sua identidade. O partido perdeu realmente a identidade? Ele se descaracterizou conforme o passar dos anos?

Vou fazer uma pequena correção: eu disse que o partido sempre teve apoio de eleitores da centro-esquerda, do centro, da centro-direita e da direita. Nós nunca tivemos apoio da esquerda, porque a esquerda sempre foi vinculada ao PT e aos partidos que sempre apoiaram o Lula e o lulopetismo. O PSDB nasceu como o Partido Social Democrata, comprometido com ideias econômicas liberais, privatização, desestatização, abertura do país aos mercados externos, enfim, a abertura econômica, mas também comprometido com o social, o enfrentamento da pobreza de verdade, sem demagogia, com políticas públicas sociais que pudessem emancipar as pessoas mais vulneráveis.

Enfim, o PSDB sempre teve esse compromisso liberal na economia, desenvolvimentista, e ao mesmo tempo comprometido também com uma linha social que pudesse contribuir no sentido da redução das desigualdades sociais e das disparidades regionais. Mas hoje eu diria, se você for fazer uma pesquisa junto aos líderes do PSDB, especialmente os que têm mandato, o partido hoje é mais de centro-direita. Isso não significa que eu seja disso ou daquilo outro.

Eu sou uma pessoa que sempre esteve no centro, mas eu sempre tive sensibilidade social também. Os meus governos foram marcados por fortíssima sensibilidade social, mas muito forte também no estímulo econômico, no apoio à economia, à industrialização, à modernização econômica, à viabilização de instrumentos que pudessem dar competição aos Estados, ao meu Estado, especialmente, pudesse garantir produtividade. Então, eu não estou fugindo dessa linha social-democrata. A gente vai continuar e a gente continua pensando assim.

Então, não descaracterizou o partido?

Como eu te disse, é uma série de equívocos. Quando você deixa de ter um líder nato… Esse líder era o Aécio em 2014. Quase ganhou as eleições. Eu te digo, eu digo a todos os que estão assistindo ou lendo essa entrevista, ou que vão ler essa entrevista, que o Aécio faria um grande governo. O Aécio tinha convidado o Armínio Fraga para ser o ministro da Fazenda, e o Armínio Fraga tinha convidado todo um time de excelentes economistas que, segundo Armínio me disse recentemente, eles iam todos deixar suas atividades por quatro anos para ajudar o Brasil a dar um choque, para que o país pudesse, durante um certo tempo, fazer as reformas todas que fossem necessárias para que, depois de dois anos, voltasse a crescer fortemente e sustentavelmente. O Aécio, por exemplo, ia colocar o Fernando Henrique Cardoso como ministro de Relações Exteriores. Então, eu não tenho dúvida de que teria sido um grande governo e que nós perdemos muito com a não eleição do Aécio. Depois veio aquela coisa toda da JBS, com o Temer, com o Aécio.

Isso, na minha opinião, também acabou prejudicando muito a nós todos, mas é prejudicando também o Brasil. Mas eu acho que o PSDB, modéstia à parte, faz falta no debate de alto nível, no debate de ideias, e não só o debate, mas também a apresentação de propostas e de soluções de entregas. O PSDB foi um partido de entrega no Brasil, entregou as mais importantes reformas dos últimos 50 anos e nos estados também.

Foi um governo de gente. Foram governos de entregas, governos de criatividade, de iniciativas. Tem muita gente que fala, fala, fala, tem muita dialética, muito discurso, mas não entrega. E esse é um problema no Brasil. O Brasil está precisando de menos discurso e mais entrega.

Eu vou voltar um pouco na história da fusão, porque nesta semana, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, disse que deixará o partido caso não tenha uma solução. O ex-prefeito de Ribeirão Preto, que é um dos líderes, o Duarte Nogueira, também está seguindo pelo mesmo caminho. Inclusive, há um acordo verbal com o PSD. Essas declarações te preocupam? Há alguma pressão para agilizar as negociações de fusão internamente no partido?

Desde que eu sou presidente do partido, eu tenho conversado permanentemente, frequentemente, com todas as principais lideranças do Brasil. Para você ter uma ideia, no mês de novembro, eu peguei uma viagem a São Paulo, fui a Ribeirão Preto para uma reunião com o prefeito Duarte Nogueira, que é o presidente da nossa federação PSD, PSDB, Cidadania, juntamente com o time dele e equipe de auxiliares mais próximos.

Conversamos muito, eu fui a ele e pedi para que ele esperasse para que a gente pudesse chegar a um denominador comum coletivamente. Também tenho conversado muito com cada governador. A governadora Raquel tem sido muito correta comigo. Ela já gostaria de ter saído ou procurado um outro caminho, especialmente mais próximo ao governo do Lula, há mais tempo.

E eu tenho pedido a ela paciência, um pouco de tempo para que a gente possa tentar encontrar um caminho coletivo. Eu tenho muito respeito por ela, que faz um grande governo em Pernambuco. Agora, nós também não vamos atrapalhar o caminho dela, o projeto dela, que é um projeto importante, certamente, para Pernambuco. E isso tem ficado claro. Eu fiz várias reuniões com ela e os outros dois governadores, sempre afirmando o seguinte: o PSDB é um partido que tem história, o partido tem legado, o partido tem entrega.

Um partido que tem credibilidade. Apesar de muitos acharem que a gente diminuiu, e diminuímos mesmo, acharem que nós não temos mais a relevância que deveríamos ter. Mas é um partido que contribuiu e contribui muito com o país.

Todos os partidos dos quais PSDB conversa, MDB, PSD e os outros, a grande maioria deles, fazem parte da base aliada do Lula. O senhor mesmo citou que a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, é uma das que defendem o caminho até do próprio PSDB, mais alinhado ao presidente da República. Essa movimentação, já que o PSDB rivalizou tanto historicamente com PT, com Lula, com Dilma, Lula por quatro eleições, Dilma por duas eleições, prejudica a sobrevivência da legenda?

Olha, a governadora Raquel vive num estado que, ao longo do tempo, foi petista, lulopetista. É o estado de origem do presidente Lula. E eu sempre disse a ela que ela tem todo o nosso respaldo para se comportar politicamente como ela achar melhor. Ela tem essa liberdade. Agora, o PSDB é um partido que, no seu DNA, está uma contradição muito grande em relação ao PT, ao lulopetismo.

Nós somos diferentes. Eles foram oposição e fizeram uma oposição muito raivosa, muito dura em relação a nós no nosso tempo. E nós sempre fizemos oposição. Só que eu acho que a nossa oposição foi uma oposição muito mais consequente, muito mais no nível do debate de ideias, colocando aquilo que a gente acha que é melhor para o país e nunca, inclusive, atrapalhando projetos que foram considerados bons para o país.

Agora, há uma diferença entre a vivência e o fato da governadora dirigir um Estado que é o berço do Lula e também com as circunstâncias e as características de Pernambuco com relação a nossa posição. A posição do PSDB é uma posição coerente com a nossa história. Nós sempre fomos antagonistas em relação ao PT e vice-versa. E não seria diferente agora.

Desde que eu assumi a presidência do partido, há pouco mais de um ano, eu deixei claro, eu e o conjunto do partido, que nos colocamos na oposição. Nesse período, eu escrevi mais de 100 artigos, mais de 100 mensagens, colocando equívocos do governo do PT, e agora eles estão ficando evidenciados na prática.

Tudo aquilo que a gente falava há um ano atrás, todas aquelas críticas construtivas que fizemos, todos aqueles chamamentos à atenção que fizemos agora se revelam mais do que corretos, porque o governo derrapou feio na questão da condução econômica, na questão fiscal e numa série de outras tomadas de decisões que não foram feitas. E hoje o país caminha para ter uma inflação alta.

O país caminha para ter uma desconexão econômica que a gente não via há muito tempo, desde o segundo governo da Dilma. Então, todas aquelas advertências, todas aquelas críticas que fizemos, e repito, não foram críticas abaixo da cintura, não foram críticas destrutivas, mas todos aqueles alertas que fizemos estão se verificando agora a ponto de o governo ter uma reprovação altíssima, a maior de todas, desde que o Lula foi presidente da República, desde que o PT chegou à presidência.

Voltando aqui, a gente citou no começo da entrevista a situação do Estado de São Paulo. O PSDB governou o Estado por quase 30 anos. Covas, Alckmin, Serra, Doria, Alckmin. Inclusive, em duas ou quatro oportunidades, ele sucedeu o Mário Covas e ganhou algumas eleições também para governar o Estado. Só que o PSDB ainda continua forte no Estado. Hoje tem 12 parlamentares, junto com a Federação Cidadania, na Assembleia Legislativa de São Paulo, e a Assembleia, no próximo dia 15 de março, começa a disputa interna para saber quem vai ser o sucessor. Já tem o presidente André do Prado, mas as outras cadeiras, respeitando o critério de proporcionalidade. Mas internamente, as negociações estão sendo tratadas como se o PSDB não existisse, e todos os membros do partido já estão saindo aos poucos. Esse tipo de negociação incomoda o senhor? Como se o PSDB não existisse? Isso não ajuda a colocar o PSDB em descrédito na Alesp?

Olha, vai cair do cavalo quem estiver pensando assim. Isso não me incomoda nem um pouquinho, porque o PSDB não vai deixar de existir, tampouco vai deixar de existir no dia 12 de março. Então, a bancada do PSDB continuará forte, continuará majoritária junto com Cidadania. Certamente vai ter os espaços que merece. Eu afasto qualquer possibilidade de que o PSDB ou os parlamentares da bancada do PSDB possam ser prejudicados na eleição. Não há nenhuma chance de que isso aconteça.

O senhor citou aqui a falta de liderança hoje, talvez uma liderança mais forte do partido. O senhor citou Aécio Neves em 2014, que era uma grande liderança. Tinha o Alckmin aqui em São Paulo, o Serra também. Mas hoje realmente tem uma falha. Talvez o maior líder do partido, o maior nome de expoente do PSDB, é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O senhor acredita que há realmente a falta de líderes no partido? Fora o Eduardo Leite, quem são esses líderes que poderiam assumir esse protagonismo para fazer que o partido sobreviva sem a negociação de fusão? E eu queria saber do senhor também: há uma falta de líderes políticos na política geral. A gente vê uma divisão entre Bolsonaro e Lula. Não tem substituto para o Lula e para o Bolsonaro. Também coloca uns 200 substitutos para a eleição de 2026. Há uma falta de liderança política, como se tinha na década de 80, na década de 90?

No geral, e falando de todos os partidos, eu diria que há um déficit de lideranças políticas novas, grande em todos os espectros. Não é só dentro do PSDB. No PSDB, eu já disse anteriormente, nós temos essa terceira geração de governadores, essa elite. Os três governadores estão super bem avaliados, são bons governadores, realizam grandes governos e fazem grandes entregas.

A nossa aposta em 2022, depois da desistência do João Dória, era o governador Eduardo Leite. Eu, particularmente, infelizmente, pelas circunstâncias da época, sobretudo pela necessidade de acertos com o MDB em São Paulo, Eduardo Leite acabou não sendo candidato a presidente, se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul e, pela primeira vez, um governador foi reeleito naquele estado e, na minha opinião, uma das figuras mais talentosas do Brasil de hoje, uma das lideranças de maior futuro no Brasil de hoje, porque ele é jovem, preparado, culto, competente, honesto, corretíssimo e é um governador de entregas.

Eu continuo apostando minhas fichas fortemente no meu partido, na candidatura do Eduardo Leite. Agora, eu vou citar um exemplo de modelo de liderança da terceira geração tucana. Você está apenas aqui em São Paulo, que é o Paulo Serra. O prefeito Paulo Serra foi duas vezes prefeito de Santo André, foi reeleito com quase 80%, fez o sucessor, agora é Santo André, com quase 70% dos votos no primeiro turno e saiu da prefeitura com quase 90% de aprovação. Então, esse é um tipo de liderança mais jovem que está no partido até então.

Algumas fontes falam, colocando… Vamos voltar. Considerando a fusão que foi colocada até pouco tempo atrás e a incorporação também, alguns partidos que estavam em negociação com o senhor internamente citaram para nossa reportagem que uma das condições colocadas foi a inclusão do Eduardo Leite como candidato à presidência em 2026. Um candidato de terceira via. A gente sabe que o PSDB bateu muito nisso desde 2018. Um candidato de terceira via em 2022, principalmente com João Dória e com o Eduardo Leite, disputando para ver quem seria o candidato do PSDB. Consequentemente, o candidato da terceira via acabou sendo Simone Tebet. Para além da sobrevivência do partido, e nessa polarização de Lula e Bolsonaro, que está cada vez mais forte, o senhor acredita numa viabilidade de candidatura de terceira via? E se, caso o Eduardo Leite for colocado de lado pelo partido que vai se incorporar, se fundir o PSDB, caso isso aconteça, qual é o nome mais forte hoje do campo da terceira via, na visão do senhor?

Olha, eu não vou falar de outros partidos. Eu vou falar do nosso partido, o PSDB. Nós não queremos que o Eduardo Leite seja a terceira via. Nós queremos que o Eduardo Leite seja a primeira via. E olha, vendo o cenário brasileiro atual, a gente já tem uma inelegibilidade do Bolsonaro, que já foi definida pelo TSE. Eu não creio que o Lula vai ser candidato a presidente. Se se confirmar a não candidatura do Lula, a candidatura do Bolsonaro, a gente vai ficar com um espaço enorme pela frente, um espaço enorme de liderança para o surgimento de novas lideranças. E eu acho que as pessoas vão se cansar dos extremos e vão procurar no centro democrático alguém que tenha equilíbrio, preparo, não só para governar, mas dialogando com todos os polos. E é muito importante que haja o diálogo. Na minha época, como governador, dialogava com todo mundo, com a esquerda, com a direita, com a extrema direita, com o centro, com todo mundo, com todas as instituições, instituições públicas ou privadas, não governamentais do Estado.

Eu acho que o Brasil está precisando de alguém que tenha essa capacidade de dialogar, de conversar com todos, para que a gente possa avançar em programas estruturantes e transformar o Brasil num país produtivo e competitivo. Então, eu trato essa candidatura do Eduardo como primeira via. É assim que a gente tem que tratar. Não é a terceira via. Acho que a gente vai ter um espaço para o centro muito maior do que se imagina hoje.

Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu uma investigação da Polícia Federal, na qual o senhor é citado, que envolve supostos desvios na saúde na época em que o senhor foi governador. Eu queria saber do senhor, em relação a essa investigação, uma análise sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes e questionar o senhor, até para o senhor falar aqui sobre exatamente o que aconteceu. O senhor tinha algum conhecimento desses supostos desvios por parte de membros do seu governo? Você chegou a negociar com uma dessas organizações diretamente?

Olha, essa operação foi uma das operações de maior violência política já acontecida no nosso Estado, no país. Eu não tenho absolutamente nada com essa história. Nada. Primeiro porque quem chama uma organização social para administrar o hospital não é o governador. Isso é feito através de um chamamento público, que é uma espécie de licitação, onde várias organizações se credenciam para participar, e elas passam por um rigoroso crivo, que inclui preço, que inclui certificados, que inclui capacidade técnica, que inclui qualidade dos serviços a serem entregues.

Para você ter uma ideia, essa organização citada administrava dois hospitais, e repito, ela entrou através de uma licitação, de um chamamento público, do qual participa a Controladoria Geral do Estado, participa a Procuradoria Geral, os técnicos de carreira da Secretaria da Saúde. Essa organização recebeu por ano, para administrar dois grandes hospitais durante oito anos, para pagar os funcionários, para pagar os medicamentos, para pagar a lavanderia, via serviço, ter tomógrafo, ressonância, etc.

Tudo que tem num grande hospital. Ela recebeu cerca de 900 milhões por oito anos para pagar todos os meses todos os funcionários administrativos, médicos, e o atual governo de Goiás contratou uma UECE agora para administrar apenas um desses dois hospitais por 1 bilhão e 850 milhões, ou seja, mais do que o dobro. Eu não vou questionar se vão fazer coisa errada ou não.

Eu só estou dizendo que no meu período a gente pagou menos da metade. O que o governo está pagando hoje. O que eu tenho a dizer é o seguinte: se ela cometeu algum erro, que pague. E essa suspensão se dá apenas em relação à questão do foro, ela vai ser feita. O que eu posso garantir a todos é que não há a menor possibilidade de encontrar, nem nessa e nem qualquer uma outra, qualquer vírgula de indício de irregularidade praticada por mim ou por pessoas que tinham a minha confiança no governo, porque não existiu.

Os nossos hospitais, todos os que eu construí, que foram mais de 15 hospitais grandes, todos foram administrados por organizações sociais. Os antigos também foram transferidos para organizações sociais para que funcionassem melhor. Sabe o que é que aconteceu? Nós conseguimos que os nossos hospitais públicos fossem melhores do que os hospitais privados. Nós conseguimos da Organização Nacional de Acreditação (ONA) que os nossos hospitais fossem certificados com ONA um, dois e três, vários.

Eram três, e o ONA certifica a qualidade, a entrega do serviço. Antes de tudo, eu sou uma pessoa que sempre trabalhei de forma humanitária, sempre fui humanista. Um governante tem que se preocupar com aquilo que é mais sagrado para o ser humano, que é saúde, que é educação, que entrega na área social, principalmente. Algumas pessoas dizem que são profissionais de saúde, isso, aquilo outro, mas não entregam.

É só fazer uma comparação de como é aquela entrega dos serviços de saúde quando eu era governador e hoje. O que fizeram lá, incluindo o meu nome nessa operação, foi um ato de covardia política, de violência política sem tamanho e, principalmente, de abuso de autoridade. Isso tem que acabar no país. Eu vou representar quando procurador, que já persegue os meus governos desde 2016, sempre tentando me tirar do páreo, me derrotar, me tirar através desses artifícios de violência política, de violência, inclusive de abuso de autoridade.

Não dá para a gente aceitar que o Brasil, que a gente quer, que o Brasil, que a gente é democrático, justo, possa permitir esse tipo de coisa. Você não gosta do adversário, você tem o adversário como inimigo. E aí, por uma injunção política, uma amizade que você tem, cooptando autoridades de outros poderes, você acaba prejudicando o seu adversário.

Isso não é jogar limpo. Eu tenho toda a tranquilidade para debater esse assunto em quaisquer foro, principalmente na Justiça. Eu tenho certeza que justiça será feita. Aliás, já começou a ser feita.

Nas eleições de 2026, você é cotado para o governo do Estado. Vai enfrentar o indicado do seu principal adversário político, que é o atual governador, Ronaldo Caiado, que é pré-candidato à Presidência da República. Queria saber do senhor se ele disse que Lula não deve ser candidato. Abre a porta para o talvez para o PSDB se reerguer de alguma forma. E no seu estado? Qual a expectativa do senhor, já em caso de fusão, em caso de incorporação, o caso da manutenção do PSDB vai ter que mexer as peças nos locais, não só em Goiás. Em Minas Gerais também será em vários outros estados. Uma expectativa do senhor para o governo do Estado de Goiás, já que você vai enfrentar um adversário que tem a máquina pública hoje.

Não é só a máquina pública. Ele é um governante extremamente autoritário, que usa o poder de polícia para afugentar os adversários, para colocar medo, pavor nos adversários. Coloca toda a máquina do Estado para perseguir adversários. Não é uma situação comum. Nós, que somos adversários e não somos tratados como adversários, somos tratados como inimigos. Quem entra no caminho do governador Caiado… Isso não é de hoje.

Desde o século XIX, quando alguns membros da família dele estavam no poder. Aquele poder do coronelismo com muita truculência, muita arrogância, principalmente contra os mais humildes. Eu diria a você o seguinte: está muito longe. Eu não tenho projeto pessoal, não há nada decidido em relação ao ano que vem. O que eu posso te garantir é que esse tipo de postura covarde, esse tipo de postura arrogante, autoritária, truculenta, não vai ficar.

Ser oposição em Goiás. A oposição é salutar para a democracia, para as liberdades, para o contraditório, inclusive para o futuro Estado. É preciso que haja ideias diferentes. Isso vai ter. Por mais que ele tente afugentar, cooptar os seus antigos adversários, ele não vai. O governo não vai ficar sem um candidato de oposição que possa colocar as coisas no lugar ou tentar recolocar as coisas no lugar, colocar as suas opiniões.

Um Estado ou um país não podem ser governados apenas com a opinião de quem acha que é o dono. Precisa ter ou é preciso ter o outro lado. É preciso ter o contraditório. E isso não vai faltar lá em Goiás.