Com o aumento da inadimplência, as provisões das instituições financeiras foram elevadas e permaneceram acima das perdas esperadas. “Estimativas do BC indicam que a maior constituição de provisões manteve o grau de provisionamento confortável para suportar as perdas esperadas com crédito”, avaliou o Banco Central por meio do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2023, divulgado nesta quinta-feira, 9.

De acordo com o documento, o financiamento à economia real permaneceu desacelerando, em linha com o ciclo de política monetária e com a percepção de risco de crédito. O BC cita que a alta alavancagem de famílias e taxas de juros elevadas contribuíram para a continuidade da desaceleração do crédito às Pessoas Físicas (PFs). No caso das Pessoas Jurídicas (PJs), a carteira bancária cresce a taxas cada vez menores em todos os recortes, com destaque para a redução no crédito a grandes empresas.

Para essas companhias, segundo o REF, o mercado de capitais se mantém como fonte relevante de financiamento. O BC detectou que as instituições financeiras reduziram o apetite ao risco, mas avaliou que o cenário “ainda requer cautela”. Em relação às PFs, a autoridade monetária destacou que o crédito continuou desacelerando nas modalidades mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não consignado. “Os critérios de concessão de crédito às famílias se tornaram mais restritivos em função das perdas recentes”, analisou.

Sobre as empresas, o relatório salientou que, apesar da desaceleração do crescimento do crédito, não se percebe alteração importante na estimativa de qualidade das concessões. Considerou, porém, que esse fator demanda atenção dada a pressão sobre a capacidade de pagamento das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).