O presidente Jair Bolsonaro é realmente um ovo de dinossauro que se abriu. Todo mundo sabia que sairia dali uma criatura monstruosa e assassina, mas esquentaram o ovo. A série da Netflix “Como se tornar um tirano” mostra exatamente como criaturas grotescas da política, como Bolsonaro, se formam e levam adiante projetos ditatoriais no mundo. Na trajetória errática do mandatário brasileiro aparecem todos os ingredientes que compõem a mente de um protótipo de déspota esquisito e imbecilizado pelo próprio poder.

Bolsonaro cultua coisas típicas de líderes autoritários como a crença de que está predestinado, a criação de uma imagem populista, a denúncia de ameaças externas e de minorias, a comunicação insana com o objetivo de lavar as mentes dos brasileiros menos privilegiados mental e socialmente. A diferença em relação a Adolf Hitler ou Joseph Stalin é que Bolsonaro surge como um protótipo de ditador no ambiente das mídias digitais, o que lhe dá um ar completamente ultrapassado e descolado de seu próprio tempo. É um cara fora do lugar, um ovo requentado, um dinossauro mulambento.

Ele só chegou ao poder, mas não vai tomá-lo. Não vai conseguir apagar os rivais, reinar pelo terror, controlar a verdade, criar uma nova sociedade e muito menos governar para sempre. Seu tempo termina em 2022. Sua ambição política vai se apagar junto com seu passado obscuro de vendedor de mochilas feitas com tecido de paraquedas. Os tiranos da série ascenderam politicamente de maneira traiçoeira, mas contavam com uma maré populista e de glorificação nacional a seu favor., Bolsonaro não tem nada de épico para oferecer. É só farsa e tragédia. Além de descolado da realidade, é uma liderança frouxa.