Os protestos e as greves seguiam nesta quarta-feira na França a dois dias do início da Eurocopa, com a ameaça de uma nova greve que pode deixar as ruas de Paris cheias de lixo.

A partida França-Romênia inaugura na noite de sexta-feira a competição, um evento que será visto por milhões de telespectadores em todo o mundo.

As autoridades preveem oito milhões de espectadores, dois milhões deles estrangeiros, nos estádios da competição.

Após os atentados terroristas de janeiro e novembro de 2015 em Paris, as forças de segurança e os serviços de inteligência mobilizaram todos os seus meios para evitar um ataque.

Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha expressaram seu temor de que os estádios, as “fan zones” (zonas ao ar livre onde as pessoas acompanham as partidas em telões) e os transportes públicos se tornem alvos terroristas.

Mas até o momento a principal preocupação do governo são o trânsito de pessoas, com greves nos trens, manifestações e um protesto dos funcionários da coleta de lixo da região parisiense, que pode afetar a coleta de resíduos na capital francesa.

Nesta quarta-feira os três principais centros de tratamento de lixo dos arredores de Paris voltaram a ficar bloqueados pelos manifestantes pelo décimo dia consecutivo.

A consequência é que nas ruas de Paris já começam a ser observadas montanhas de lixo, uma imagem desastrosa para a França a poucas horas da Eurocopa.

Por sua vez, prossegue o conflito na SNCF, a companhia ferroviária pública, por uma questão de organização do tempo de trabalho. A circulação de trens foi perturbada novamente nesta quarta-feira, com os trens que conectam Paris aos arredores lotados.

A greve será mantida na quinta-feira, anunciaram os sindicatos, apesar das longas negociações e de uma oferta de acordo da direção da empresa.

Por enquanto os apelos do presidente socialista François Hollande e de seu primeiro-ministro, Manuel Valls, para colocar fim a esta greve não tiveram efeito.

Também no setor dos transportes seguem as negociações na Air France para tentar evitar uma greve convocada entre 11 e 14 de junho por questões salariais.

Paralelamente prosseguem os protestos contra um projeto de reforma trabalhista do governo, que nos últimos três meses levou milhares de pessoas a protestar e que desencadeou greves nos setores do petróleo, da energia e dos portos, entre outros.

O sindicato CGT, líder do protesto, anunciou que seguirá adiante com suas reivindicações e convocou novas manifestações para esta quarta e quinta-feira, e outra nacional em 14 de junho.

Nos últimos dias a França também foi afetada por inundações que deixaram cinco mortos e por tempestades que nesta quarta-feira seguiam ativas no norte do país.

Segurança reforçada

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, reiterou novamente que o governo faz “todo o possível para evitar um ataque terrorista” durante a Eurocopa e que também está preparado para enfrentar esta ameaça.

No fim de maio, o grupo Estado Islâmico (EI) prometeu “um mês de calamidades para os não fiéis em toda parte” coincidindo com o mês do Ramadã.

O estado de emergência, instaurado na França desde os atentados de novembro, estará em vigor até o fim de julho.

Durante a Eurocopa serão mobilizados cerca de 90.000 policiais, gendarmes e agentes de segurança nos estádios e nas “fan zones”, um esforço sem precedentes, segundo o governo, que também está preparado para possíveis confrontos entre hooligans em partidas consideradas de alto risco, como Alemanha-Polônia ou Inglaterra-Rússia.

Por sua vez, o governo lançou nesta quarta-feira um aplicativo para telefones celulares que alerta a população em caso de atentado.

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