Um relatório oficial publicado no Irã afirma que 281 pessoas morreram durante as manifestações que eclodiram após a morte de Mahsa Amini em 2022, um número muito inferior ao relatado por especialistas da ONU.

O relatório foi publicado no domingo por uma comissão especial nomeada pelo presidente, Ebrahim Raisi, para investigar os distúrbios que abalaram o país no final de 2022.

O documento, de quase 300 páginas, não coincide com o relatório dos especialistas encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, publicado há dez dias e que afirma que, segundo “números verossímeis”, “pelo menos 551 manifestantes morreram pelas mãos das forças de segurança, incluindo pelo menos 49 mulheres e 68 crianças”.

Dos 202 civis mortos contados pela comissão de pesquisa iraniana, 112 eram “transeuntes” que “morreram durante os distúrbios nas mãos de manifestantes que transportavam armas ilegais não usadas pelas autoridades policiais”.

Os outros 90 civis mortos estiveram envolvidos em “atos terroristas e ataques” contra o Exército, a polícia ou edifícios públicos.

A comissão estima que 79 agentes das forças de ordem morreram.

Os especialistas iranianos concluem que “as instituições governamentais, entre elas os serviços de segurança e o sistema judicial, agiram de forma responsável face aos distúrbios”.

No seu relatório, a missão da ONU constatou “um uso desnecessário e desproporcional da força” contra manifestantes “essencialmente pacíficos” e mencionou “crimes contra a humanidade”.

Teerã “denunciou firmemente” este documento, alegando que se baseia em “afirmações infundadas” e “informações falsas e tendenciosas”.

Os especialistas iranianos baseiam-se nos resultados de exames médicos para afirmar que Amini morreu de causas naturais – devido a hipóxia cerebral – em 16 de setembro de 2022, sob custódia policial, após ser presa por usar o véu de forma incorreta.

Esta versão foi refutada por quem afirma que a jovem de 22 anos morreu de hemorragia causada por atos violentos.

A comissão também indica que 34 mil pessoas foram detidas durante os distúrbios. “Apenas 292 ainda estão detidas”, das quais “158 foram condenados a penas de prisão”.

Para os especialistas iranianos, “o papel desempenhado pelos estrangeiros” e por “certos governos” na “escalada das manifestações” é “evidente”.

Eles culpam “os Estados Unidos, o regime sionista [Israel], a Alemanha, o Reino Unido, a França, o Canadá etc…”, assim como os “serviços de inteligência”, organizações “separatistas” e “antirrevolucionárias” ou ” canais de satélite anti-iranianos.” “.

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