BUCARESTE, 02 FEV (ANSA) – Mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas cidades da Romênia na noite da última quarta-feira (1º) para protestar contra decretos do governo social-democrata empossado em janeiro que afrouxam as penas para crimes de corrupção.   

Apenas na capital Bucareste, cerca de 150 mil cidadãos participaram da manifestação, ignorando as temperaturas abaixo de zero no país balcânico. As últimas eleições na Romênia ocorreram no fim do ano passado e levaram ao poder o primeiro-ministro Sorin Grindeanu, do Partido Social-Democrata (PSD).   

No entanto, com apenas um mês no cargo, o premier já conseguiu jogar a nação em uma crise institucional sem precedentes em seus 27 anos de democracia. Na última terça-feira (31), seu governo aprovou uma série de decretos que despenalizam “crimes não violentos”, como abuso de poder e favorecimento, quando as somas envolvidas não superem os 200 mil leus, algo em torno de R$ 150 mil.   

As medidas deram origem à maior onda de protestos na Romênia desde dezembro de 1989, quando uma revolução derrubou o regime comunista de Nicolae Ceausescu. De acordo com a imprensa local, houve diversos focos de conflito entre manifestantes e policiais, com um balanço de pelo menos cinco feridos e 60 detidos.   

O ministro da Justiça Florin Iordache alega que os decretos não foram elaborados para ajudar políticos envolvidos em casos de corrupção, mas o próprio presidente da Romênia, Klaus Iohannis, do Partido Nacional Liberal (PNL), disse que a nação sofreu “um duro golpe dos inimigos da justiça”. O chefe de Estado também pediu para a Corte Constitucional declarar os decretos como “ilegítimos”.   

O PSD, do premier Grindeanu, é liderado pelo deputado Liviu Dragnea, que foi impedido de concorrer ao cargo de primeiro-ministro devido a problemas judiciários. A onda de protestos já provocou a renúncia do ministro do Comércio do país, Florin Jianu, que alegou “razões morais” para abandonar o governo. (ANSA)