O número 267 da Rua Pedroso foi o lar de quatro gerações da família Sohn. Mais do que isso, contudo, o casarão, construído em 1927, é uma causa abraçada há 15 anos por um de seus herdeiros, o ator Paulo Goya, de 66 anos. Mesmo integralmente dedicado ao imóvel, tombado em 2002 pelo município, ele relata cansaço nessa luta.

Desde 2005, calcula ter gasto quase R$ 1 milhão, junto com a irmã e dois primos, em obras e manutenção do Espaço Cultural Dona Julieta Sohn, conhecido como Casarão do Belvedere. “Se eu, com toda a minha experiência, minha vontade e meu desejo de preservação enfrento montanhas intransponíveis, imagina o coitado do proprietário que tem um imóvel de 50 metros quadrados tombado como bem”, lamenta ele, que relata ter recebido a notícia do tombamento por uma ligação de uma familiar que estava na ocasião “aos prantos”.

Com um fomento federal recentemente barrado na Justiça, Goya afirma que a estrutura do telhado da casa está tão comprometida que grande parte das atividades ocorre em um imóvel anexo. Mesmo com as dificuldades, ele afirma, que não vai desistir. “Até o fim da minha vida me verão defendendo esse patrimônio, essa casa, esse projeto. Não me calarão.”

Alternativas

A criação de um fundo para imóveis tombados é defendida pela arquiteta Nadia Somekh. “Os proprietários nem sempre têm recursos necessários para o restauro”, diz. Segundo ela, embora seja uma das principais alternativas para obter recurso, a Transferência do Direito de Construir (TDC) é “incipiente” por cauda da quantidade de tombamentos da cidade, mais de 3,5 mil.

Na prática, o TDC permite a “venda” da metragem construtiva não utilizada do terreno tombado para um terceiro, que poderá aplicá-lo em outro local.

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Para o presidente do departamento paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), Fernando Túlio Salva Rocha, ainda falta apoio técnico público para orientar os herdeiros sobre como conseguir recursos para requalificar propriedades antigas tombadas da cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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