São Paulo, 9/11 – A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deve ter pouca influência para o agronegócio brasileiro, embora algumas de suas propostas, anunciadas durante a campanha, pudessem ter reflexos positivos para esse setor da economia nacional. Conforme especialistas ouvidos pelo Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), eventuais barreiras protecionistas levantadas pelo magnata fariam com que países compradores se voltassem ao Brasil em busca de alimentos e outras commodities. “De repente, pode-se abrir o mercado mexicano e podemos nos colocar em outros. A China, por exemplo, continuará tendo suas necessidades, e se não puder contar com os Estados Unidos, pode procurar o Brasil”, afirmou ao Broadcast Agro o diretor Técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Em princípio, grãos, especialmente soja, e carnes seriam os produtos mais beneficiados por um aumento do apetite externo pelas commodities nacionais. Outros produtos, menores em termos de mercado, como suco de laranja e tabaco, também poderiam ser mais demandados. A vitória de Trump contrariou as pesquisas de intenção de vota, que mostravam a candidata democrata, Hillary Clinton, com ligeira vantagem na disputa pela Casa Branca. A conquista se deu em Estados estratégicos, como Flórida, Carolina do Norte, Iowa, Ohio e Pensilvânia. Segundo Ferraz, ainda é cedo para se avaliar como o republicado trabalhará em relação à Farm Bill, a política agrícola dos EUA, que será revisada em 2018. Na mesma linha, o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, disse que algumas das ideias de Trump “podem ser positivas” para o agronegócio brasileiro. Ele lembrou que o republicado é contrário ao Acordo do Pacífico, que envolve grandes importadores de alimentos, como países asiáticos. “Os mercados não gostaram, mas ainda é muito cedo para se medir o impacto (para o agronegócio brasileiro)”, ponderou. Pelos dados mais recentes do Ministério da Agricultura, as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram US$ 67,36 bilhões de janeiro a setembro deste ano, crescimento de 0,6% em relação a igual período de 2015. As importações, por sua vez, somaram US 9,79 bi. Com isso, a balança foi superavitária em US$ 57,57 bi.