ROMA, 7 JAN (ANSA) – A proposta do poder Executivo da União Europeia de reclassificar a energia nuclear e o gás natural como “fontes verdes” expôs as divisões dentro do governo do premiê da Itália, Mario Draghi, a respeito de políticas ambientais.   

Enquanto uma parcela da base aliada, especialmente o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) querem derrubar o plano da Comissão Europeia, legendas de direita defendem o aumento dos investimentos nessas duas fontes energéticas.   

Bruxelas enviou aos Estados-membros um projeto que prevê rotular usinas nucleares e a gás como “sustentáveis”, ideia que é questionada por países como Alemanha e Áustria, cujos governos incluem partidos ambientalistas.   

Na Itália, o tema provocou divisões na coalizão de Draghi, que, até o momento, tem se mantido afastado do debate. “Energia nuclear e gás não ajudam a Europa na independência [energética] nem na estabilidade dos custos”, disse recentemente o ex-premiê e presidente do M5S, Giuseppe Conte.   

“Espero que o governo italiano faça sua própria voz ser ouvida com força na Europa. Não mudaremos de posição nem abaixaremos o tom de nossos pleitos”, garantiu.   

Já a deputada do PD Laura Boldrini afirmou que a energia nuclear “provocou catástrofes ambientais históricas, como Chernobyl e Fukushima”. “É hora de virar a página, não de voltar atrás. O futuro são as fontes renováveis”, ressaltou.   

Por outro lado, o líder de ultradireita Matteo Salvini, da Liga, assumiu a defesa da proposta da Comissão Europeia, deixando de lado seu passado eurocético.   

“A Itália precisa de gás e energia nuclear limpa para ajudar famílias e empresas a pagar contas menos caras. Não precisamos de recusas ideológicas e estamos certos de que o premiê Draghi vai apoiar o projeto da Comissão Europeia”, disse.   

O partido conservador Força Itália (FI), liderado por Silvio Berlusconi, fez eco para Salvini e afirmou que essas duas fontes energéticas são cruciais para alcançar um “futuro verde”.   

Na UE, o projeto conta com apoio da França e de países do leste.   

Seu argumento é de que usinas eólicas e solares não são suficientes para garantir a independência energética do bloco – hoje altamente dependente do gás russo – nem para assegurar fornecimento previsível e de baixo custo à população.   

Se o gás natural e as usinas nucleares forem rotuladas como “verdes”, ficará mais fácil obter financiamentos para projetos do tipo na União Europeia. (ANSA).