A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, aponta que a propina destinada ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso na Operação Calicute – nova etapa da Lava Jato -, pagou R$ 1.070 em cachorros-quentes para a festa do filho do peemedebista. O valor teria saído de uma ‘contabilidade paralela’ do esquema do qual Sérgio Cabral seria o chefe, segundo o Ministério Público Federal.

A contabilidade ficaria a cargo de Carlos Bezerra, apontado pelos investigadores como um dos operadores financeiros do ex-governador. Durante o governo de Cabral no Rio, Carlos Bezerra exerceu cargo em comissão de Assessor Especial da Diretoria Geral de Administração e Finanças, da Secretaria de Estado da Casa Civil.

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No pedido de prisão de Cabral, a Procuradoria da República destacou o ‘pagamento da empresa que forneceu cachorro quente para a festa do filho de Sérgio Cabral’. Foi anexado ao documento, um recibo do pagamento de R$ 1.070.

O recebimento de dinheiro em espécie por Carlos Bezerra foi revelado por dois funcionários da Carioca Engenharia que aderiram ao acordo de leniência da empreiteira.

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O Ministério Público Federal destacou no pedido de prisão de Sérgio Cabral que na sede da Carioca Engenharia, no bairro de São Cristóvão, no Rio, ‘foi possível recuperar registros de entrada de Luiz Carlos Bezerra no prédio comercial para buscar o dinheiro da propina acordado com o ex-governador’. As entradas foram registradas no livro de controle de entrada de visitantes da empresa nos anos de 2011 e 2012, segundo a Calicute.

“Outro ponto relevante da intimidade entre Carlos Bezerra e Sérgio Cabral consiste na proximidade da relação do operador financeiro da organização criminosa com a família do ex-governador. Conforme os registros de ligação telefônicas, Carlos Bezerra ligou para várias pessoas da família de Sérgio Cabral bem como para os empregados que lhes prestaram serviços durante os últimos cinco anos”, destaca a Procuradoria da República.,

O Ministério Público afirma que a investigação indica a ‘existência de uma contabilidade paralela descoberta a partir da análise da caixa de correio eletrônico de Carlos Bezerra’.

“De acordo com anotações reproduzidas em imagens contidas em seus e-mails, chega-se à conclusão de ele administrava o caixa em dinheiro vivo angariado pela organização criminosa”, indica a força-tarefa.

Na decisão que mandou prender o ex-governador do Rio, o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal, afirmou que ‘é possível concluir, em avaliação ainda preliminar’ que Carlos Bezerra é ‘um dos responsáveis pela distribuição do dinheiro ilícito, mantendo registros contábeis informais e também providenciando documentos fiscais de várias empresas para dar aparência de legitimidade aos recursos movimentados (lavagem de dinheiro)’.