No momento em que a popularidade de Bolsonaro despenca, por causa da sua desastrosa política contra a Covid-19 e, sobretudo, devido à sua insidiosa posição antivacina, o governo federal, com o ministro Fábio Faria à frente, lança uma campanha publicitária milionárianos meios de comunicação bolsonaristas para melhorar a imagem do mandatário. Serão gastos R$ 30 milhões a pretexto de orientar a população sobre a vacinação, com o título “Brasil imunizado, somos uma só Nação”. Nada mais falso. Bolsonaro sempre foi contra a vacina, repetindo várias vezes que não se vacinaria, chegando à criminosa recomendação paraque as pessoas não se imunizassem para não virarem “jacaré”. Todos sabem que ele defende mesmo é a cloroquina, a aglomeração e se lixa para o uso da máscara.

“Vachina”

Dificilmente a campanha de Faria conseguirá apagar os danos que Bolsonaro já provocou ao imunizante, chamado por ele de “vachina”. Chegou a obrigar o general Pazuello a cancelar contrato para a compra de 46 milhões de doses
da Coronavac por ela ser a “vacina chinesa do Doria”. Agora, dodia para a noite, ela transformou-se na “vacina do Brasil”.

Marketing

O cavalo de pau que Bolsonaro e seus pupilos da comunicação estão dando faz parte da estratégia de marketing para reposicionar o mandatário em seu delirante projeto de reeleição. Este anoa Secom terá um orçamento de R$ 325 milhões para maquiar a imagem do ex-capitão, o que representa o dobro do que foi que gasto em 2020 (R$ 138,1 milhões).

Made em China

Romulo Serpa/Agência CNJ

O embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, ensinou a Ernesto Araújo o que é diplomacia. Apesar de as autoridades brasileiras, incluindo a família Bolsonaro e o próprio Araújo, ofenderem os chineses implacavelmente, Yang mobilizou empresários asiáticos no socorro à população de Manaus: doou 1.700 cilindros de oxigênio, 360 mil máscaras e R$ 450 mil para o Fundo da Erradicação da Pobreza do Amazonas.

Retrato falado

“Tirar Bolsonaro para colocar Mourão é trocar 6 por meia dúzia” (Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) diz que, do ponto de vista democrático, a substituição de Bolsonaro por Mourão“não agrega nada”. Até porque, segundo ele,o impeachment não iria longe no Congresso por causa do “fisiologismo”. Ele também considera “muito ruim” que o mandatário consiga eleger seus candidatos para as presidências da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente. “Votarei na Simone Tebet para garantir a independência dos Poderes.”

Fuga de capitais

Em meio a incertezas na economia, agravadas por uma postura sanitária irresponsável e uma crise política interminável, os investimentos estrangeiros estão fugindo do Brasil. O BC acaba de divulgar que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) no País em 2020 foi de apenas US$ 33 bilhões, metade dos US$ 75 bilhões aplicados em 2019. Esse é um dos piores valores dos últimos 30 anos. O IED é o dinheiro aplicado tanto para a instalação de novas fábricas como para a aquisição de empresas brasileiras. Além de uma economia sem rumo,os investidores estrangeiros criticam a demora do Paísna vacinação em massa, fator preponderante para a recuperação econômica.

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Bolsa de valores

O movimento desfavorável se manifesta também na Bolsa de Valores, de onde os aplicadores estrangeiros estão batendo em retirada. Em 2020, eles tiraram US$ 14,8 bilhões da bolsa brasileira, o dobro do que foi retirado em 2019 (US$ 6,6 bilhões). A maior fuga de capitais havia acontecido em 2016 com Dilma.

Mulheres no Senado

A campanha inédita de uma mulher para disputar a presidência do Senado está provocando uma grande mobilização das senadoras em favor de Simone Tebet (MDB-MS). A maioria das 12 senadoras, inclusive, já manifestou intenção de votar em Simone “para manter a independência do Senado”, como diz Leila Barros (à dir. na foto), que é do PSB-DF.

Geraldo Magela

Maioria

Além de Leila, Simone tem o apoio de Eliziane Gama, Mara Gabrilli, Rose de Freitas e Nilda Gondim. Soraya Thronicke e Zenaide Maia também podem aderir. Outras quatro estão com Pacheco, entre elas Kátia Abreu, que
na eleição de 2019 afrontou Alcolumbre na defesa de Renan Calheiros, mas que agora está de corpo e alma com o candidato governista.

A OAB entra em campo

WILTON JUNIOR

Paralelamente ao engajamento pelo impeachment, a OAB entra em cena para obrigar o governo a respeitar os direitos humanos. O presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, denunciou Bolsonaro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da OEA, “por causa de sua desumana política de combate à Covid”.

Toma lá dá cá

Israel Batista, Deputado Federal (PV-DF) (Crédito:Pedro França)

Como presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, o senhor tenta obter votos a favor de Baleia Rossi?
Certamente, embora esteja difícil reverter votos porque o governo está jogando pesado com a oferta de cargos e emendas. Não podemos ficar omissos. Essa eleição diz respeito à saúde da democracia brasileira.

Quais as consequências de uma vitória de Arthur Lira?
Deixará o Parlamento muito vulnerável ao governo. Num momento de crise institucional é preciso Poderes independentes.

Acha que a reforma Administrativa passa na Câmara?
Conversamos com os candidatos à presidência e percebemos que o Lira está afinado às ideias do governo, enquanto o Baleia está mais disposto a ouvir nossas propostas.

Rápidas

* A popularidade de Bolsonaro nos dois primeiros anos de governo, de 31% registrados agora em janeiro, é uma das piores entre todos os presidentes que conseguiram se reeleger. A de Fernando Henrique foi de 47%, a de Lula chegou a 45% e a de Dilma atingiu 67%.

* O CNJ quer saber por que o TJ do Mato Grosso pagou R$ 262,8 mil para cada um dos 29 desembargadores no holerite de dezembro. A lei proíbe ganhos acima dos R$ 39,9 mil pagos a um ministro do STF. Um escândalo.

* A companhia aérea Azul virou a queridinha de Bolsonaro, usando seus aviões para transportar vacinas e oxigênio. Ela quer fazer voos para Angra dos Reis quando o governo concretizar o famigerado projeto da “Cancún brasileira”.

* O cacique Raoni denunciou Bolsonaro ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crimes ambientais na Amazônia, classificados como “ecocídas” — quando uma autoridade coloca em risco um patrimônio da humanidade.



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