Finalmente chegou o tão sonhado dia das eleições de 2022, ano que insiste em passar não passando, quase tão ligeiro quanto à tartaruga de Esopo, ou de La Fontaine – deixo ao gosto do leitor. Nunca antes na história deste “paíff”, como diria o favorito à Presidência da República, com a bênção suprema dos togados e o “amém” do povo, nossa democracia esteve tão ameaçada, desde o fim do golpe militar que nos brindou 21 anos de opressão. Aos trancos e barrancos, contra bolsotudo e bolsotodos, os brasileiros seguem às urnas com medo, ou medos: medo de votar em Lula, medo de votar em Bolsonaro, medo de votar nulo e medo de ser agredido simplesmente por sair para votar.

O Datafolha (sede em São Paulo, Brasil), antagonista do Datapovo (sede em Brasília, Bolsolândia), mostrou que 67% dos brasucas têm medo de agressões por suas posições políticas. Particularmente, se fosse entrevistado, eu responderia que não tenho medo de agressão, mas de morrer, vide os dois assassinatos recentes de petistas por bolsonaristas. Assim que forem abertas (por que abertas, né?), as urnas eletrônicas sofrerão uma saraivada de balas, metaforicamente falando, é claro, e não pelas dezenas de milhões de unidades de projéteis que circulam livremente pelo País, por ordem e graça dos decretos presidenciais, ora suspensos pelo STF, que miraram os CACs e acertaram os PCCs.

Se fosse entrevistado, responderia que não tenho medo de agressão, mas
de morrer. Vide os dois assassinatos recentes de petistas por bolsonaristas

Se confirmarem todas as pesquisas, de todos os institutos sérios, elas (urnas) darão vitória folgada, senão em primeiro turno, àquele que foi sem nunca ter sido, segundo alguns capas pretas, quadrilheiro, corrupto e lavador de dinheiro, causando fúria e revolta nos cidadãos de bem, em nome de Jesus e da pátria, trazendo ao País as sombras do Capitólio e do bufão alaranjado. Espero, do fundo do coração, que tudo se resolva neste domingo, 2 de outubro, ainda que eu deteste o resultado que se avizinha. Mais um mês de segundo turno, na boa, ninguém merece. Até porque, no meu caso, pouco importa o vencedor e data: considerarei o desastre o mesmo.

Que o Brasil faça, portanto, sua menos triste escolha, em paz. Que nenhum ato de violência, ao menos física e grave, seja registrado contra alguém, ou alguma propriedade. Jair Bolsonaro nos conduziu à nossa hora mais escura, e antes dele, Lula da Silva. Acendamos, pois, nossas velas democráticas e iluminemos o País. Ainda que os diabos sejam os mesmos e insistam em nos atazanar, prevaleceremos. Difícil foi o Corona.