Os promotores norte-americanos responsáveis pela acusação contra José Maria Marin e outros dirigentes do futebol sul-americano no “Caso Fifa” afirmaram nesta quarta-feira que o ex-presidente da CBF recebeu US$ 6,55 milhões (aproximadamente R$ 21,68 milhões) em subornos no período entre 2010 e 2016.

Em sua argumentação final, a promotoria afirmou que Marin e outros dirigentes acusados no escândalo de corrupção da Fifa acumularam fortuna graças aos subornos recebidos em troca de benefícios para empresas de marketing em contratos comerciais. A defesa, por outro lado, argumentou que há poucas evidências concretas para apontá-los como culpados.

Os dirigentes “receberam dinheiro em vez de cuidar dos melhores interesses dos órgãos gestores do futebol”, disse a promotora Kristin Mace no tribunal federal no Brooklyn.

O paraguaios Juan Angel Napout, Marin e o peruano Manuel Burga são acusados de crime organizado, conspiração para cometer fraude e conspiração para lavagem de ativos, em um caso que abalou os alicerces da Fifa.

Em um momento durante sua apresentação, a promotoria apresentou ao júri um retrato dos acusados com os valores dos subornos que supostamente receberam entre 2010 2016: além dos US$ 6,55 para Marin para beneficiar empresas nas vendas dos direitos da Copa Libertadores, da Copa América e da Copa do Brasil, US$ 10,5 milhões (R$ 34,8 milhões) para Napout e US$ 4,4 milhões (R$ 14,6 milhões) para Burga. O mesmo valor supostamente recebido por Marin foi atribuído a Marco Polo del Nero, atual presidente da CBF, que está no Brasil e, por isso, não é julgado nos Estados Unidos.

O advogado de Napout aceitou que os procuradores dos Estados Unidos descobriram uma ampla rede de corrupção no futebol internacional, mas argumentou que apenas provaram a culpa dos executivos de marketing esportivo que testemunharam e não dos acusados. Espera-se que a defesa conclua seus argumentos nesta quinta-feira, incluindo os advogados de Marin.

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Mace disse ao júri que as empresas de marketing esportivo sabiam que tinham que pagar subornos para negociar com os dirigentes de futebol. Este mecanismo sabotava uma licitação aberta e justa dos contratos comerciais que teriam beneficiado o esporte e as federações, segundo a promotoria. “Eles tiveram que pagar (subornos) para obter os contratos”, disse. “E eles tinham que pagar para evitar a concorrência”.

Durante o julgamento, a promotoria apresentou testemunhos de vários executivos de empresas de marketing esportivo, entre eles J. Hawilla, que se declararam culpados e concordaram em cooperar com as autoridades, gravando conversas sobre o pagamento de milhões de dólares em subornos. Documentos também foram apresentados sobre os pagamentos.


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