Denunciado criminalmente por lavagem de dinheiro e corrupção, Januário Montone, ex-secretário (Saúde e Gestão) dos governos José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) na Prefeitura de São Paulo, é também alvo de uma ação civil pública da Promotoria paulista por suposta mesada de R$ 600 mil de empresas contratadas para o fornecimento de merenda escolar. A ação foi proposta em janeiro e está sob sigilo. Na última quarta, 24, a Justiça mandou citar Montone e outros investigados. O Estado obteve acesso nesta quinta, 25, ao documento.

A Promotoria do Patrimônio Público e Social ofereceu ação civil pública contra dois ex-secretários da Prefeitura de São Paulo em que acusa um suposto esquema de propinas e superfaturamento da merenda escolar entre 2001 e 2008.

Segundo a Promotoria, Montone “exigiu ou solicitou das empresas demandadas valores a título de propina para aumentar ou manter o sistema de merenda terceirizada”.

“De acordo com a prova amealhada, o demandado recebeu R$ 600.000,00 mensais, durante o período em que foi Secretário Municipal de São Paulo (2005 a 2007)”, afirma a Promotoria.

O Ministério Público Estadual sustenta que o ex-secretário recebeu “por exemplo, propina no valor de R$ 50.000 paga em 3 de agosto de 2007 e R$ 50.000 em 23 de agosto de 2007”.

“O demandado permitiu a permanência das empresas do cartel”, acusam os promotores.

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Além de Januário Montone, também é acusado de receber propinas das empresas contratadas pelo município o ex-secretário de Comunicação Valdemir Garreta (gestão Marta Suplicy,2001/2004)).

Segundo o Ministério Público, mesmo depois do período contemplado pela ação, as empresas sob suspeita continuaram a vencer editais com o Município.

A ação é assinada pelos promotores Silvio Marques, José Carlos Blat, Christiano Jorge Santos, Valter Foleto Santin, Karyna Mori e Thomas Mohyico Iabiku.

Os promotores reconhecem que o prazo de prescrição para Garreta, que permaneceu na Prefeitura até 2004, já se encerrou, mas cobram a devolução de valores em supostas vantagens indevidas, no valor de R$ 2,1 milhões.

No âmbito criminal, Garreta foi investigado pelos mesmos fatos, mas não foi denunciado.

A Promotoria cobra de Montone, além da condenação por improbidade, a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, de R$ 600 mil mensais, durante 2005 e 2007. O ex-secretário está denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção na esfera criminal.

Defesas

Com a palavra, Montone

A reportagem entrou em contato com o ex-secretário. O espaço está aberto para manifestação.

Nos autos, seus advogados apresentaram contestação em que pedem a extinção do processo por “ausência de indícios” contra Montone. A defesa também argumentou pela prescrição do processo na área cível.

Com a palavra, Garreta


“Eu fui investigado pelos mesmos fatos na área criminal, e não fui denunciado. Agora, 14 anos depois eles fizeram outra ação, na área cível, com os mesmos fatos que levaram ao arquivamento da investigação criminal.

COm a palavra, Gilberto Kassab

“O ministro não é parte da ação, desconhece as argumentações, ressalta sua confiança na Justiça e na lisura dos atos praticados por Montone”.

Com a palavra, Marta Suplicy

A senadora foi procurada por meio de sua assessoria de imprensa, que não se manifestou.

COm a palavra, José Serra

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa. O espaço está aberto para manifestação.


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