Promotores de Berlim anunciaram nesta terça-feira (29/08) que arquivaram por falta de provas a investigação contra Till Lindemann, vocalista da banda alemã Rammstein, após mulheres o terem acusado de terem sido drogadas e abusadas sexualmente em shows.

As investigações iniciais “não forneceram nenhuma evidência” de que Lindemann tenha realizado “atos sexuais contra a vontade das mulheres”, disseram os promotores em comunicado, informando que, por isso, nenhuma acusação será apresentada.

Também não há provas que apoiem a alegação de que Lindemann deu a mulheres “substâncias que suprimem a sua vontade” ou que explorou um desequilíbrio de poder em relação a suposta parceira sexual menor de idade. Uma alegada vítima de 15 anos de abuso sexual permaneceu no anonimato, segundo os promotores, o que impossibilitou apurações.

A Promotoria de Berlim informou que supostas vítimas não recorreram às autoridades de investigação, mas sim aos jornalistas, tendo invocado seu direito de recusar a prestar depoimento e que, por isso, não houve meios para fundamentar suficientemente as alegações.

A autoridade também afirmou que, pela falta de depoimentos, não conseguiu obter uma impressão da credibilidade das alegadas vítimas e das suas declarações.

As informações fornecidas por uma youtuber que fez alegações permaneceram demasiado vagas nos interrogatórios porque ela também não foi capaz de descrever as suas próprias experiências em incidentes criminalmente relevantes, segundo a Promotoria. Outras pessoas que ela mencionou não foram nomeadas de maneira suficientemente identificável.

As investigações contra uma produtora da turnê acusada de recrutar as mulheres jovens para festas pós-shows, também foram arquivadas.

Investigação começou em junho

A investigação foi aberta em junho, depois de várias mulheres terem afirmado nas redes sociais que tinham sido drogadas e recrutadas para fazer sexo com Lindemann, de 60 anos, em festas pós-show do Rammstein. Lindemann negou as acusações, com seus advogados chamando-as de “falsas, sem exceção”.

O escritório de advocacia Schertz Bergmann, com sede em Berlim, saudou o arquivamento da investigação, dizendo que isso serve de confirmação de que não “há provas ou indícios suficientes de alegada prática de crimes sexuais por nosso cliente”. A empresa acrescentou que seriam tomadas medidas legais contra as alegações feitas contra Lindemann.

O escândalo eclodiu depois que uma jovem irlandesa postou nas redes sociais que havia sido drogada e abusada por Lindemann em uma festa nos bastidores de um show da banda em Vilnius, na Lituânia.

Uma onda de histórias semelhantes surgiu em plataformas como Twitter, Instagram e YouTube. O alvoroço em torno das acusações levou ao cancelamento de várias festas pós-show nos espetáculos do Rammstein e também levou a gravadora Universal Music a abandonar seu marketing para a banda. Houve protestos contra os shows da banda em cidades como Berlim e Munique.

Rammstein, uma banda de metal industrial fundada em 1994, é conhecida por riffs de guitarra, travessuras que quebram tabus e shows teatrais cheios de pirotecnia. Suas canções tratam de assuntos que vão do canibalismo à necrofilia, e o próprio nome da banda evoca o desastre do show aéreo de Ramstein em 1988, que matou 70 pessoas e feriu mais de mil.