Projeto de Michelle Bolsonaro gasta mais com publicidade do que destinou em doações

EVARISTO SA / AFP
Foto: EVARISTO SA / AFP

O programa Pátria Voluntária, coordenado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, gastou mais dinheiro em publicidade do que arrecadou e destinou em doações, de acordo com uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

Lançado há quase dois anos, o programa praticamente não recebe doações desde julho de 2020, segundo o jornal, que levantou dados do próprio governo.

Até março deste ano, o governo federal gastou R$ 9,3 milhões para divulgar o programa, sendo R$ 9,039 milhões em publicidade e outros R$ 359 mil para manter seu site no ar. No entanto, as doações feitas por empresas privadas e pessoas físicas que o programa repassou às entidades que atendem pessoas carentes só chegam à marca de R$ 5,89 milhões.

Ainda de acordo com o jornal, os recursos arrecadados são depositados em uma conta gerida pela Fundação Banco do Brasil e destinados a entidades privadas. Já o dinheiro gasto com publicidade para o programa vem de verbas públicas do Orçamento da Secretaria de Comunicação, arrecadadas por meio de impostos.

Segundo o Estadão, a queda na arrecadação do Pátria Voluntária coincide com a realização de operações controversas envolvendo o programa. Em março de 2020, o frigorífico Marfrig doou R$ 7,5 milhões para o Ministério da Saúde para a compra de testes rápidos de Covid-19. No entanto, em julho do mesmo ano o governo solicitou que o dinheiro fosse encaminhado para o programa de Michelle.

A dinheiro acabou beneficiando entidades evangélicas ligadas à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em um caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

A reportagem ainda mostra que a verba destinada pelo governo federal para publicidade do programa Pátria Voluntária é maior que a de outras campanhas, como a de combate ao mosquito Aedes Aegypti e a de “conscientização das famílias sobre os riscos de exposição de crianças na internet”.