A indústria de tecnologia nos Estados Unidos está enfrentando uma crise de confiança em proteção de dados e uma situação geopolítica difícil, com vendas recordes esperadas para 2019, disseram os organizadores do Salão de Eletrônica de Consumo (CES) de Las Vegas no domingo.
A Consumer Technology Association (CTA) prevê que os rendimentos varejistas dos Estados Unidos no setor subirão para um recorde de 398 bilhões de dólares este ano.
A projeção foi divulgada antes da abertura da enorme feira que exibirá, de 8 a 11 de janeiro, a tecnologia mais recente em computação móvel, saúde, esportes, automóveis, agricultura, etc.
“Há tantas coisas geniais acontecendo na indústria da eletrônica neste momento”, disse o vice-presidente de pesquisa de mercado da CTA, Steve Koenig.
As tendências que estão ganhando impulso, e que se espera que estejam presentes na sala de exposições do CES, incluem televisores 8K de alta resolução, Internet 5G incrivelmente rápida e assistentes virtuais, como o Google Assistant e a Alexa da Amazon, integrados em dispositivos de todo tipo.
A diretora de pesquisa de mercado de CTA, Lesley Rohrbaugh, apontou que “os assistentes digitais estarão em tudo”.
A CTA prevê um crescimento dos rendimentos nos Estados Unidos para os smartphones, assistentes virtuais, relógios, junto com televisores e drones. Também se verá um aumento na “tecnologia para veículos”.
– Perspectiva nublada –
As perspectivas otimistas, no entanto, foram ofuscadas pelas preocupações sobre a confiança e a guerra comercial com a China, na qual o presidente Donald Trump impôs fortes tarifas às importações de produtos tecnológicos.
Gary Shapiro, presidente e diretor executivo da CTA, disse que a drástica queda nas vendas de produtos americanos para a China reportada pela Apple e outras empresas sugere possíveis problemas futuros.
A feira comercial conta com 4.500 expositores em 250.000 metros quadrados de espaço, onde se exibirá inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, casas inteligentes, cidades inteligentes, aparelhos esportivos e outros dispositivos de vanguarda. Espera-se a presença de 182.000 profissionais do comércio.
É provável que os visitantes vejam telas de televisão deslumbrantes, robôs intuitivos, uma variedade de dispositivos ativados por voz e smartphones com telas dobráveis.
– Avalanche de dados –
A exposição se concentrará na inteligência artificial que pode “personalizar” a experiência de um usuário com um dispositivo ou um automóvel, ou inclusive prever o que alguém está procurando, seja música ou atendimento médico.
Mas já que o ecossistema está construído ao redor da informação, a confiança foi afetada pelos escândalos do Facebook, Google e outros guardiões da informação privada.
“A cada lugar que você vai, a informação será o denominador comum”, disse Koenig enquanto discutia as tendências na CES.
“Estamos na transição para a era dos dados; acredito que será um pouco como a ‘Matrix'”, acrescentou, referindo-se ao filme de ficção científica de 1999.
Shapiro disse que acredita que a indústria é capaz de se autorregular, mas que o Congresso poderia agir devido aos escândalos de proteção de dados.
Ele considerou que os Estados Unidos não deveriam seguir o exemplo do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês) da Europa, ao apontar que este está “sufocando a inovação”.
“Queremos balancear a inovação com a coleta de dados, e deveria ser situacional”, disse.
“Se seu automóvel está a ponto de colidir com outro automóvel, a privacidade é irrelevante. Mas se estamos falando do histórico médico de alguém, isso é muito importante”.