LA PAZ, 19 OUT (ANSA) – O candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce, deve ser o novo presidente da Bolívia após as eleições realizadas neste domingo (18), apontam as projeções de institutos independentes. No entanto, o resultado oficial só será conhecido dentro de alguns dias.   

O ex-ministro de Evo Morales deve ter pouco mais de 53% dos votos contra cerca de 32% de Carlos Mesa, da sigla de direita Comunidade Cidadã (CC), e 14% de Luis Fernando Camacho, da sigla de extrema-direita Creemos. Os demais postulantes ao cargo tem menos de 2% dos votos.   

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, reconheceu a derrota para o candidato da esquerda através de uma postagem no Twitter durante a madrugada.   

“Ainda não temos o resultado oficial, mas pelos dados que nós temos, o Sr. Arce e o Sr. [David] Choquehuanca venceram a eleição. Parabenizo aos ganhadores e lhes peço para governar pensando na Bolívia e na democracia”, escreveu Añez.   

A presidente interina havia lançado candidatura oficial, mas desistiu da campanha – assim como aconteceu com outros candidatos da direita e centro-direita – após o resultado da primeira pesquisa eleitoral mostrar que Arce ganharia no primeiro turno, fato consumado e com um percentual mais alto do que o previsto.   

Mesmo sem o resultado oficial, “Lucho” Arce agradeceu a confiança dos cidadãos nas redes sociais e em declarações à imprensa local.   

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“Muito agradecidos com o apoio e a confiança do povo boliviano.   

Recuperamos a democracia e retomaremos a estabilidade e a paz social. Unidos, com dignidade e soberania”, escreveu em seu Twitter.   

Aos jornalistas, Arce afirmou que tem como compromisso “trabalhar e levar adiante o nosso programa, como dissemos mais de uma vez, trabalhar para todos os bolivianos, dando vida a um governo de unidade”. Lucho ainda acrescentou que “o processo de mudança”, bandeira do MAS, “corrigirá os erros cometidos pelo partido”, mas lembrou dos benefícios para os mais pobres trazidos pela sigla em 14 anos, até o fim de 2019.   

O MAS ainda deve obter a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, apesar de não obter os 2/3 que tinha até o momento.   

Já o ex-presidente Morales, que está refugiado na Argentina, parabenizou Arce e celebrou a vitória do seu partido. “Irmãos e irmãs, Lucho será nosso presidente. Saberá levar a nossa pátria no caminho do desenvolvimento econômico, político e social e, especialmente, trará o crescimento econômico. À distância, quero fazer chegar aos meus irmãos Lucho e David minhas mais sinceras felicitações”, afirmou Morales.   

Luis Alberto Arce Catacora nasceu em La Paz em 28 de setembro de 1963 e tem graduação em Economia, com uma pós-graduação no mesmo assunto na Universidade de Warwick, no Reino Unido. Depois de ter trabalhado entre 1987 e 2006 no Banco Central da Bolívia, Arce foi ministro de Economia em dois mandatos de Morales entre 2006 e 2017.   

– Eleições polêmicas: A segunda eleição geral na Bolívia em cerca de um ano foi marcada por uma série de adiamentos e incertezas.   

No ano passado, Morales havia ganhado nas urnas seu quarto mandato consecutivo à frente da Presidência, mas denúncias de supostas fraudes e pressão de militares, Igreja e partidos de direita fizeram com que o então presidente renunciasse à vitória para tentar apaziguar os ânimos.   

No entanto, com o apoio da direita e dos militares, Añez assumiu o poder interinamente – no que deveriam ser três meses – mas o Congresso continuou na mão do MAS, com mais de 2/3 dos eleitos.   

Com a situação, os partidos de direita afirmavam que havia “chegado ao fim a ditadura”, já os de esquerda acusavam que haviam sofrido um “golpe de Estado”.   

As eleições foram remarcadas por diversas vezes por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). No início, a quantidade de candidatos estava nas dezenas, mas o número foi diminuindo até chegar ao pleito.   


Na Bolívia, um presidente é eleito no primeiro turno se atingir mais de 50% dos votos ou se obtiver mais de 40% dos votos e 10% a mais do que o segundo colocado. (ANSA).   


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