O diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, reafirmou na manhã desta segunda-feira, 10, a estimativa do órgão de que o Governo Central não conseguirá cumprir a meta de déficit primário em 2017. As contas do IFI indicam que o saldo negativo do governo federal ficará em R$ 144,1 bilhões este ano, acima da meta de R$ 139 bilhões.

“Mas, graças ao bom desempenho de Estados e municípios, o Setor Público Consolidado deve ter déficit de R$ 142,9 bilhões este ano, dentro da meta de R$ 143,1 bilhões”, destacou o economista.

Para Salto, nem mesmo as receitas com a repatriação e com as concessões e vendas de ativos serão suficientes para que a meta do Governo Central seja alcançada. “Imaginar que todo o ajuste se fará nas despesas é ilusório, não há ajuste fiscal que se sustente quando a receita não se recupera. O peso das receitas não recorrentes aumentou muito, mas essas receitas atípicas não salvam a lavoura, é preciso uma mudança estrutural”, completou.

Neste sentido, a IFI projeta um déficit primário de R$ 166,2 bilhões para o Governo Central em 2018, ante uma meta de saldo negativo de R$ 129 bilhões. “Toda essa discrepância significa o volume de despesas que o governo teria que contingenciar no próximo ano”, acrescentou Salto.

Por isso, o órgão defende a aprovação de reformas estruturais nos gastos obrigatórios para permitir que as metas fiscais dos próximos anos sejam alcançados e o Teto de Gastos seja cumprido.

Salto destacou o esforço do governo para o corte de despesas discricionárias, o que melhorou o resultado do Tesouro Nacional neste ano, mas lembrou que o déficit da Previdência continua se deteriorando.

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“O governo faz mudanças nas despesas discricionárias, mas isso não é suficiente. É importante que mudanças estruturais no gasto sejam feitas, sobretudo na Previdência e nos gastos com pessoal”, acrescentou.

Agenda de reformas

Felipe Salto voltou a destacar a necessidade de levar adiante a agenda de reformas, independentemente de eventuais mudanças de governo.

“Mesmo com turbulência política, a agenda de reformas está colocada e uma hora ou outra elas terão que ser aprovadas. Quanto mais tempo demorar, maior será o custo, mas não há como evitá-las”, afirmou. “Apenas credibilidade de equipe econômica não é suficiente, é preciso aprovar as reformas”, avaliou.

O diretor lembrou que a IFI traçou um cenário de crescimento econômico baixo e a não realização das reformas, o que levaria a dívida pública para um patamar de 100% do PIB entre 2021 e 2022, chegando a mais de 124% do PIB em 2030. “Mas, com a aprovação de reformas, enxergamos um cenário no qual a dívida cresce para até 92,4% do PIB e começa a cair a partir de 2023”, concluiu.


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