Os profissionais de beleza – cabeleireiro, maquiador, depiladores, manicure e esteticistas da instituição – estarão aptos a orientar, com base nos princípios da Lei Maria da Penha, como buscar por ajuda às clientes vítimas de violência doméstica. No piloto do programa, serão capacitados cerca de 200 profissionais de beleza. A estratégia teve início no país com o projeto Mãos Empenhadas, lançado em 2017, no Mato Grosso do Sul.
Para a gerente Executiva de Desenvolvimento de Produtos e Tecnologias da Educação do Senac RJ, Luciana Maranhão, o programa tem uma premissa muito positiva, uma vez que ele incentiva a empatia. “Os salões de beleza, em geral, são espaços de acolhimento para as mulheres, onde elas se sentem bem recebidas e à vontade para conversar. Trata-se de uma escuta sem julgamentos que às vezes ela tem dificuldade de encontrar na família ou nos amigos mais próximos”, explicou Luciana.
Professora dos cursos de formação de profissionais de beleza do Senac-RJ, Ana Paula Mendel, que também é empresária e dona de um salão de beleza, diz que está há 30 anos no ramo e que existe uma relação de confiança e amizade entre os clientes e profissionais de beleza. “Já atendo a gerações diferentes. Muitas clientes nos contam coisas que não falam para os psicólogos e nem médicos. O profissional precisa ser discreto, amoroso e guardar sigilo, mas ele pode levar orientação e conhecimento a essa mulher”, ressaltou Ana Paula.
De acordo com dados do Observatório Judicial de Violência contra a Mulher, do Tribunal de Justiça do Rio, até maio deste ano, 11.939 medidas protetivas foram determinadas pelos juízes das Varas de Violência Doméstica. No Estado do Rio, conforme mostrou ontem O Dia, desde agosto, foi implantada a Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida da Polícia Militar. Até o último dia 15, 1.075 mulheres estavam sendo atendidas pelo programa com foco nas mulheres com medidas protetivas.
De acordo com a juíza katerine Jatahy, membro da COEM, muitas mulheres não se reconhecem vítimas da violência, quando não se trata da agressão física. A juíza cita que as ameaças, os cárceres privados, o confisco patrimonial são também formas de violência doméstica. “Informação é poder. A mulher precisa conhecer seus direitos.”, ressaltou a juíza.