O programa de concessões anunciado semana passada pelo governo federal foi “bem realista”, o que é uma boa notícia, na visão do diretor presidente da Cetip, Gilson Finkelsztain. “Nós temos dinheiro no Brasil. A expansão da renda fixa em títulos públicos pode ser migrada para títulos de crédito, aliada a uma queda nas taxas de juros, para um spread de crédito atrativo”, afirmou em conversa com jornalistas, durante a Conferência Anbima Cetip de Renda Fixa.

“Essa é uma agenda positiva. Está todo mundo muito animado para que aconteça”, destacou. O executivo disse ainda que há investimento estrangeiro para o Brasil, independente da decisão do Banco Central dos Estados Unidos (Fed, na sigla em inglês) em alterar a política monetária do país. “Há muita liquidez disponível para o Brasil”, disse.

Finkelsztain afirmou ainda que existe uma discussão para que haja uma uniformização tributária dos investimentos, mas que esse fator não inviabiliza a realização dos investimentos enquanto essas mudanças não ocorrem. “Os instrumentos estão aí. Há as debêntures de infraestrutura, o balanço dos bancos, o BNDES e cada um irá fazer o seu papel.”

Emissões de renda fixa

A carteira (pipeline) de emissões de renda fixa no mercado local está crescendo e deverá destravar no primeiro trimestre do ano que vem, mas algumas captações deverão ter espaço ainda no fim deste ano, disse Finkelsztain. “Percebemos na Cetip que o pipeline está aumentando, está todo mundo se organizando, para parte de emissões no último trimestre e forte no início de 2017. Tem muita coisa em gestação”, destacou o executivo.

Segundo o presidente da Cetip, essas emissões envolverão diversos tipos de instrumentos de renda fixa, como CRIs, CRAs, debêntures e debêntures de infraestrutura. Essas captações, de acordo com o executivo, voltadas para a realização de investimentos, estão bastante relacionadas ao programa de concessões divulgada na semana passada pelo governo federal. “Tem muita gente nos bastidores do mercado financeiro com uma agenda positiva do mercado de capitais para o primeiro trimestre do ano que vem”, disse.

Finkelsztain afirmou ainda que há um desejo do mercado de buscar a confiança, de forma a desenvolver o mercado de capitais. O olhar, segundo ele, é para as reformas que de fato enderecem o problema fiscal brasileiro, com atenção especial para a PEC do teto dos gastos e a reforma da previdência. “Temos uma agenda de investimento represada muito grande que pode ser impulsionada principalmente por renda fixa de longa prazo e investimento em infraestrutura, mas é primeiro necessário ter essa demonstração, primeiramente vindo do Congresso, de que essas reformas difíceis irão acontecer”, destacou.

Enquanto as primeiras medidas não são aprovadas, o presidente da Cetip frisa que a atenção seguirá “no manejo que o governo terá para encaminhar essa discussão”. “Teremos até o fim do ano uma boa sensibilidade em como isso será conduzido”, disse.