São Paulo, 18 – O Ministério da Agricultura lançou no período da tarde desta segunda-feira, 18, o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária – 2030 (ABC+), que, segundo a ministra Tereza Cristina, pretende adotar tecnologias sustentáveis em mais 72 milhões de hectares no País até 2030. Em live promovida para apresentar o ABC+, a ministra informou também que a nova política pública para mitigar gases do efeito estufa no campo será apresentada na Conferência do Clima, em Glasgow, Escócia, no dia 6 de novembro. As metas foram consolidadas após o término do prazo de consulta pública pelo ministério, realizada durante o mês de setembro.

Segundo a diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Mariane Crespolini, a consulta pública contou com mais de 500 contribuições, de cerca de 50 instituições e mais de 400 cientistas – a maioria da Embrapa. “Houve contribuição também de grupos gestores estaduais”, mencionou.

Crespolini lembrou que, no antigo Programa ABC – de Agricultura de Baixo Carbono, que agora está sendo sucedido pelo ABC+, a meta inicial era adotar práticas sustentáveis em 35,5 milhões de hectares em dez anos, até 2020, com mitigação de 133 milhões a 163 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2eq). “Avançamos muito mais, com 52 milhões de hectares de práticas sustentáveis e mitigação de 170 milhões de toneladas de CO2eq”, disse.

A meta agora, como já mencionou Tereza Cristina, é adicionar mais 72 milhões de hectares às práticas conservacionistas do ABC+ e mitigar pelo menos 1,1 bilhão de toneladas de CO2eq até 2030, complementou a diretora do ministério.

Os pilares para que esses objetivos sejam atingidos estão na “abordagem integrada da paisagem”, onde se conserva a vegetação, adotam-se práticas como plantio direto na palha e conservam-se o solo e a água. “Assim, tem-se uma paisagem adaptada, resiliente e mitigadora de CO2”, disse Crespolini.

Outro pilar é a recuperação de pastagens degradadas, na base de mais 30 milhões de hectares até 2030, com a intensificação da pecuária e a adoção de sistemas integrados de plantio, como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). “Vamos também estimular a prática de plantio direto em cultivos de hortaliças, e não mais só em grãos.”

No caso das hortaliças, pretende-se adotar o plantio direto em mais 12,5 milhões de hectares até 2030.

Outro pilar é o estímulo às florestas plantadas – 4 milhões de hectares até 2030 – e aos sistemas irrigados, mas sustentáveis, com uso racional da água e fertirrigação, “para que consigamos distribuir melhor a produção de alimentos ao longo do ano”, disse. Os sistemas fertirrigados devem ser ampliados em 3 milhões de hectares, conforme está no ABC+.

Uma novidade em relação ao antigo Programa ABC é o estímulo à produção de bioinsumos – anteriormente, previa-se apenas a ampliação de práticas que fixam nitrogênio no solo. “A fixação biológica de nitrogênio foi ampliada para a ampliação de bioinsumos, de forma geral”, disse Crespolini. Dentro do ABC+ a proposta é cobrir com a técnica 13 milhões de hectares até 2030.

Mais um importante pilar, segundo ela, é o manejo de resíduos da produção animal para geração de energia, como biodigestores, que “beneficiam o meio ambiente e ainda garantem economia de energia e mais renda para o produtor rural”. Sob este aspecto, o objetivo é tratar 208,4 milhões de metros cúbicos de resíduos animais. E, também, a intensificação da pecuária, com terminação intensiva do gado de corte. “Em vez de o bovino passar de 6 a 10 meses no pasto, inclusive no período seco do ano, emitindo gases do efeito estufa sem engordar nada, estamos propondo uma engorda estratégica e intensiva para um abate mais rápido.” O ABC+ pretende levar à engorda intensiva pelo menos 5 milhões de bovinos por ano.

As três bases conceituais sobre as quais se baseia o ABC+ – Adaptação e mitigação; abordagem integrada da paisagem e adoção e manutenção de práticas conservacionistas, contarão, segundo Crespolini, com estratégias de pesquisa, desenvolvimento e inovação; governança e monitoramento; comunicação e sensibilização; inteligência e gestão de risco climático; cooperação estratégica; assistência técnica e capacitação; estímulo à adoção e manutenção das práticas; acesso ao crédito rural e valorização e reconhecimento dos ativos da agropecuária.

Ela disse, ainda, que o ABC+ deve ser revisado a cada dois anos. “Recebemos muitas sugestões, na consulta pública, que ficaram de fora e que ainda não foram validadas. Por isso essa proposta de revisão bianual.”