O fluxo migratório de brasileiros para Portugal tem sido destaque nos últimos anos na imprensa nacional e internacional. Hoje, os brasileiros que vivem legalmente em Portugal já são 233.138, 28.444 a mais do que no ano anterior, e esse número não para de crescer. No entanto, o perfil dos brasileiros que hoje procuram o país europeu é bem diferente: mão de obra especializada de nível superior, que sai do Brasil a convite de grandes empresas do setor na Europa.

Depois de alguns anos contribuindo para que centenas de brasileiros pudessem conseguir sua regularização em Portugal, a empreendedora Késia Costa, aponta essa mudança significativa no perfil dos brasileiros que escolhem Portugal como destino para construir uma nova vida profissional.

“Entre todas as profissões mais procuradas pelas empresas, quando buscam mão de obra no Brasil, a área de tecnologia é a mais visada, até mesmo porque os incentivos dados a profissionais deste setor contribuem para isso. Os vistos Tech Visa e Nômade Digital são bons exemplos e demonstram como Portugal vem buscando se modernizar para atrair esses profissionais, que invariavelmente já chegam ao país com um contrato de trabalho com essas empresas, o que facilita a sua regularização. Em muitos dos casos, o profissional vem com toda a sua família, pois as empresas contratantes acabam por custear o processo de mudança de domicílio e legalização do profissional contratado, cônjuge e filhos, o que é bastante atrativo”, relata.

Em Portugal, o processo migratório de brasileiros se tornou mais forte a partir dos anos 80, motivado pela busca de melhores oportunidades de trabalho e qualidade de vida. “No entanto, nos últimos 3 anos percebemos uma mudança no perfil socioeconômico destes imigrantes. Antes, eram pessoas que vinham para trabalhar em áreas como a construção civil e restauração (bares, restaurantes e pensões). Hoje, em sua grande maioria são pessoas com formação acadêmica de nível superior, em áreas como tecnologia, além de estudantes que buscam oportunidades de estudo em universidades portuguesas, assim como aqueles que buscam empreender e abrir novos negócios no país”, pondera Késia.

Outra mudança no padrão migratório que se observa é que muitos dos imigrantes brasileiros agora estão escolhendo cidades menores, fora da capital do país, Lisboa, para viver.

“Agora, em vez de procurar viver em Lisboa, optam por cidades como Porto, Coimbra e Faro, onde é mais fácil conseguir uma boa qualidade de vida a preços mais acessíveis, já que o custo de vida na capital subiu vertiginosamente e com o Home Office se tornando uma realidade, podem ir menos vezes ao escritório central e trabalharem de casa”.

Apesar das dificuldades que os imigrantes brasileiros enfrentam, como a adaptação ao novo país, a maioria ainda acredita que as vantagens de viver em Portugal superam os desafios. Alguns apontam a facilidade da língua, da excelente qualidade de vida e a facilidade de viajar com baixo custo pela Europa, em especial por países do espaço Schengen como Espanha, França, Alemanha, Itália e outros 23 países europeus como razões para se mudar para Portugal.

Por isso, Kesia Costa está bastante otimista sobre esse novo momento do mercado de trabalho português. “Esses profissionais altamente qualificados e os empreendedores/investidores, assim como suas famílias que os acompanham, enxergam Portugal como um país para viver ou investir. Este ano mal começou e já se tem notícia de recordes de pedidos de visto de trabalho e autorizações de residência por trabalho subordinado.