Cerca de 700 professores se opuseram aos pedidos de demissão da presidente da Universidade de Harvard, Claudine Gay, acusada de má gestão do antissemitismo no campus, e pediram resistência às “pressões políticas”.

“Pedimos veementemente a defesa da independência da universidade e resistência às pressões políticas, incluindo os pedidos de destituição da presidente Claudine Gay, que vão contra o compromisso da Harvard com a liberdade acadêmica”, escreveram os professores à Corporação de Harvard, a prestigiosa universidade privada de Cambridge, perto de Boston.

“A proteção crucial de uma cultura de pensamento livre em nossa comunidade diversa é impossível se permitirmos que seja ditada por forças externas”, acrescentaram, em um texto assinado por cerca de 700 professores, conforme uma lista consultada pela AFP nesta segunda-feira (11).

A Corporação de Harvard, um dos órgãos superiores da universidade, deve se reunir nesta segunda-feira, enquanto mais de 70 membros do Congresso dos Estados Unidos, a grande maioria republicanos, pediram a renúncia de Claudine Gay após uma audiência parlamentar na última terça-feira, na qual suas respostas sobre a condenação do antissemitismo foram duramente criticadas por serem consideradas ambíguas.

Também alvo de críticas, Elizabeth Magill, presidente da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, outra das universidades privadas mais prestigiosas dos Estados Unidos, renunciou no sábado.

Desde os sangrentos ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro, seguidos de violentas represálias do Exército israelense na Faixa de Gaza, o conflito inflamou ânimos em renomadas universidades dos Estados Unidos, como Harvard, Universidade da Pensilvânia e Columbia (Nova York), onde dois grupos de estudantes pró-palestinos foram suspensos.

Doadores ricos, bem como republicanos e democratas, denunciaram um aumento nos incidentes antissemitas nos campi e criticaram os reitores das universidades por não darem uma resposta adequada. Conservadores afirmam que os campi são excessivamente inclinados para a esquerda.

Um dos organizadores da carta de apoio a Claudine Gay, o professor de Ciência Política Ryan Enos, acredita que os líderes de Harvard não lidaram bem com a crise, mas isso não significa ceder a pressões políticas.

“Eles gerenciaram muito mal a situação, não houve coerência na liderança e não conseguiram promover a diversidade de expressão” desde 7 de outubro, quando o conflito entre o Hamas e Israel eclodiu.

No entanto, ele considera que a direção da universidade tem sido “muito tendenciosa” contra os palestinos e “quase proibiu o discurso pró-palestino no campus”.

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