Professores dão dicas essenciais para você se dar bem na redação do Enem

Enem

Os estudantes começaram a contagem regressiva para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No primeiro dia de provas, marcado para o próximo dia 13, os vestibulandos terão cinco horas e 30 minutos para responder 90 questões e redigir um texto de até 30 linhas.

O tema da redação do Enem costuma ser algo que tira o sono dos estudantes. No entanto, professores de cursinhos preparatórios ouvidos pela ISTOÉ são unânimes ao afirmar que não é necessário adivinhar o tema antes para desenvolver um bom texto.

Tradicionalmente, o Enem costuma abordar temas que exploram algum problema da sociedade. A redação também costuma fugir de assuntos muito polêmicos ou de debates atuais.

“São temáticas relacionadas essencialmente ao ser humano, à cidadania, ao que diz respeito aos direitos humanos”, explica Daniela Toffoli, professora de redação do Anglo. De acordo com a docente, a melhor estratégia para o aluno se sentir mais preparado em relação ao tema é estudar os chamados “eixos temáticos”, para que o estudante melhore o repertório e se atualize.

“O foco pode ser estudar três principais eixos temáticos: a relação do ser humano com a sociedade, a relação com o meio ambiente e a relação com a cultura e com a mídia”, afirma a professora.

Dentro desses “eixos temáticos”, a educadora Raquel Siufi elenca alguns temas que ainda não foram discutidos na redação do Enem, como sustentabilidade, economia verde, energia limpa, geração nem-nem (jovens que não estudam, nem trabalham), valorização do patrimônio histórico brasileiro, educação prisional, educação financeira e educação sexual.

Já o professor Mateus Leme, do Oficina do Estudante, destaca outra série de temas que ainda não foram abordados na redação do Enem: acesso à saúde, problemas urbanos como violência, mobilidade, trânsito, transporte público, a valorização do esporte,  abandono ou maus-tratos aos animais e pessoas em situação de rua.

“São muitas possibilidades, mas eu sigo a ideia de que o vestibulando tem que estar preparado para qualquer tema e não para aqueles que ele já treinou ou já tem argumentação pronta”, ressalta o professor.

Conforme Leme, o Enem pode tratar de problemas sociais de forma genérica ou abordar a questão relacionando-a a um grupo específico, como os jovens, os idosos ou população ribeirinha.

Os professores destacam ainda que o tema precisa ser analisado como um problema a ser resolvido ou, pelo menos, amenizado. “O que o aluno traria de solução para esse problema? Muitas vezes o aluno erra, porque quando ele se depara com o tema ele não o enxerga como uma problemática”, diz Raquel Siufi.

Segundo a educadora, a melhor estratégia para o aluno organizar o texto é transformar o tema em uma pergunta. “É impossível que, morando no Brasil há pelo menos 15 anos, você nunca tenha ouvido falar do tema. Existem perguntas que devem ser feitas, pega o tema, transforma em uma pergunta, responde essa pergunta dentro do texto. Quais são as causas, as razões dos problemas, anote. Quais são as consequências de não tratar deste problema. Como solucionar esse problema, e mais importante, porque é tão importante tratar disso hoje no Brasil? O aluno com essas perguntas encontra as respostas”, detalha Raquel.

Textos motivadores: ler ou não ler?

Os professores ouvidos pela ISTOÉ também são unânimes quanto a necessidade de o candidato ler os textos motivadores que acompanham o tema da redação. Para os docentes, a leitura e a interpretação das informações contidas nos textos podem auxiliar o estudante a entender melhor o tema proposto.

“Alguns alunos me dizem ‘ah, eu gasto cinco minutos interpretando’, eu digo que serão os cinco minutos mais bem gastos do vestibular. A interpretação vai dar ao aluno a possibilidade de saber como ele deve encarar o tema, o que ele deve escrever sobre aquele tema, existe sempre um direcionamento”, aponta Raquel Siufi.

De acordo com Tiago Leme, os textos motivadores podem ser utilizados, desde que não sejam copiados. “O aluno pode usar alguma informação interessante, como alguma estatística de um infográfico, mas ele sempre deve complementar essa informação com algo externo, com o repertório sociocultural, que são esses outros saberes, escolares e até da cultura popular, que o aluno pode trazer para embasar os argumentos, fortalecer o ponto de vista e demonstrar conhecimento de mundo”, destaca.

“Os textos motivadores podem dar dicas sobre algum significado mais específico do tema. Então jamais, em hipótese nenhuma, deixe de ler os textos motivadores, porque eles vão ser o norte para argumentação do aluno”, ressalta Daniela Toffoli.

Com ou sem título?

Segundo o edital do Enem, o título não é obrigatório, no entanto, o aluno pode optar por colocá-lo ou não. Daniela e Tiago destacam que a maioria das redações nota mil do Enem não até hoje não tinha título.

“Como o título ocupa uma linha, a recomendação é que no Enem o aluno não coloque título. Se a gente observar as redações nota 1000, quase todas escrevem 30 linhas. A gente não vê redações menores do que isso. Porque 30 linhas é um espaço pequeno para que o aluno aprofunde as ideias. Então, não é uma boa estratégia você desperdiçar a primeira linha com um título que a prova não considera”, afirma o professor da Oficina do Estudante.

“Não tem nenhum critério que vai avaliar o título e colocar não vai agregar nota nenhuma”, destaca a professora da Anglo.

Já Raquel Siufi acredita que a decisão cabe ao estudante. “Muitos não sabem colocar título na redação. Não sabe quando há maiúscula, quando há verbo, como é a pontuação. Mas como o Enem dispensa o título, fica a critério do aluno, eu acho que o texto fica mais rico”, diz a professora.

Ainda dá tempo de praticar?

Faltando 30 dias para o Enem, os professores sugerem que por enquanto os alunos não diminuam o ritmo dos estudos. Eles reforçam ainda que é importante praticar a redação.

“O estudante deve seguir praticando, ele precisa chegar na prova totalmente familiarizado com a habilidade de decifrar o tema e escrever em uma hora, uma hora e meia no máximo. Ele precisa fazer o corpo e a mente dele estar acostumado com isso, com qualquer tema”, afirma Tiago Leme.

O professor da Oficina de Estudante sugere que os alunos escrevam pelo menos um texto por semana. “Muita gente chega cansado nessa última hora e vai dando uma pisada no freio. Eu sugiro que agora não aumente o ritmo, mas mantenha a produção”, explica.

Raquel Siufi sugere que o vestibulando aproveite os últimos dias para melhorar suas deficiências. “Em primeiro lugar é sair do raso, sair desses sites que ficam indicando dez, doze, treze temas. Encare a sua deficiência. Está escrevendo bem, desenvolvo bem, mas tem dificuldades com o fecho, é o fecho que você vai treinar agora. A deficiência é tempo, vamos correr agora com o tempo”, exemplifica a educadora.

Raquel e Daniela sugerem ainda que os estudantes contem com o apoio de um professor para corrigir os textos e ajudá-los a apontar o que precisa melhorar.

“Outra dica é o aluno não negligenciar a parte estrutural, porque quando a gente avalia o critério de correção, uma boa parte é focado em avaliar planejamento de texto, organização das ideias, apresentação de uma argumentação consistente, de repertório e tudo isso está relacionado a estrutura”, conclui a professora do Anglo.