Um homem armado com uma faca matou um professor e feriu gravemente outras duas pessoas na manhã desta sexta-feira (13), em uma escola de ensino médio em Arras (norte da França).

O ataque está sendo investigado como ato terrorista, quase três anos depois do assassinato de outro professor nas mãos de um jihadista.

“Quase três anos depois do assassinato de Samuel Paty, a barbárie do terrorismo islamista golpeia de novo uma escola”, lamentou o presidente francês, Emmanuel Macron, que está em Arras.

O episódio se deu na escola Gambetta da cidade. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um homem jovem, vestido com calças pretas e casaco cinza, brigando com vários adultos no pátio, visivelmente armado, antes de se dirigir à porta do centro educacional.

O autor do ataque, que foi detido, gritou “Allah Akbar” (Alá é grande, em tradução livre), disseram à AFP a administração regional e uma fonte policial.

“Allah Akbar”, uma expressão formal de fé usada por pessoas de crença muçulmana, tornou-se um grito usado pelos autores dos ataques jihadistas que abalaram a França na última década.

O agressor, identificado como Mohammed Mogouchkov, um russo de origem chechena na faixa dos 20 anos de idade, era fichado pelas autoridades no registro de segurança nacional, tendo chegado à França em 2008, disse outra fonte policial.

Ainda conforme as primeiras informações policiais, seu irmão também foi detido perto de outra escola, mas sem armas.

O serviço de Inteligência Interna DGSI vigiava-o “ativamente” desde o verão boreal (hemisfério norte), mas as escutas dos últimos dias não revelaram que se preparava para passar à ação, comentou uma fonte desse órgão.

Vários membros de sua família foram detidos no âmbito da investigação, anunciou a polícia. Um de seus irmãos já estava preso, após ser detido em 2019 por um projeto de atentado frustrado, segundo a fonte da DGSI.

A Promotoria Antiterrorista (Pnat) anunciou a abertura de uma investigação por homicídio e tentativa de homicídios em relação a empreitada terrorista, entre outras acusações.

– “Nos entrincheiramos” –

Nenhum aluno ficou ferido. Além do professor falecido, há duas pessoas gravemente feridas: um funcionário da escola, que recebeu várias facadas e está “entre a vida e a morte”, e um outro professor, conforme diferentes fontes.

A vítima fatal, um professor de francês do centro, “sem dúvida salvou muitas vidas”, disse Macron.

Os estudantes foram temporariamente confinados na instituição, isolada pelas forças de segurança e por socorristas, até poderem se juntar a seus pais que esperavam do lado de fora, observou um jornalista da AFP.

Dois sindicatos da área da educação, Snes-FSU e SE Unsa, disseram à AFP que o agressor era um “ex-aluno” deste liceu de cerca de 1.500 estudantes.

Um professor de filosofia que presenciou o ataque, Martin Dousseau, descreveu para a AFP um movimento de pânico durante um intervalo entre as aulas, quando os alunos se viram cara a cara com o atirador.

“Quis descer para intervir. Ele se virou para mim, me perseguiu e me perguntou se eu era professor de Geografia e História”, contou.

“Nos entrincheiramos. Depois, a polícia chegou e o imobilizou”, completou.

Esses fatos ocorrem quase três anos após o assassinato, em 16 de outubro de 2020, em Conflants-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris, do professor Samuel Paty.

Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena, esfaqueou-o e decapitou-o por ter mostrado charges de Maomé nas aulas durante um curso sobre liberdade de expressão. Foi abatido pela polícia.

O ataque surge em um contexto tenso na França, onde vive a maior comunidade judaica do mundo, depois de Israel e dos Estados Unidos, dias depois do ataque surpresa do grupo islâmico palestino Hamas em território israelense.

O presidente francês declarou, nesta sexta, que as forças de segurança frustraram outra “tentativa de atentado” em outra região, sem dar mais detalhes.

Fontes policiais disseram à AFP que um homem fichado por “radicalização” e armado foi detido perto do liceu Condorcet de Limay, ao noroeste de Paris. A Promotoria indicou que ele “carregava, a priori, uma faca de cozinha”.

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