O cientista político e historiador Wallace dos Santos de Moraes está denunciando uma discriminação de cunho racista durante uma reunião virtual da banca que iria escolher um novo professor adjunto para o instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, do qual ele é professor.

De acordo com reportagem do jornal O Dia, 0 encontro aconteceu no dia 11 de agosto. De acordo com o professor, ele foi excluído da banca sob argumentos de que seria “brigão” e “desequilibrado”.

Além disso, teria sido dito que ele não teria equilíbrio emocional para estar ali, além de se vitimizar constantemente por ser negro. Para Moraes, os ataques têm motivação racista. Por isso, ele entrou com uma representação administrativa, na tarde da última quinta-feira (26), pedindo que a universidade abra sindicância para apurar o caso.

De acordo com a UFRJ, ela vai investigar o episódio. “O coordenador da banca, que foi endossado por outros professores, não chegou a me chamar de ‘macaco’, não chegou a jogar uma casca de banana em cima de mim. Mas usou argumentos subjetivos para me desabonar”, disse.

“Apesar de eu ter sido indicado e preencher todos os requisitos acadêmicos e técnicos para estar ali. Isso não cabe na administração pública. Quando se usa esses tipos de argumentos, subjetivos, contra um professor negro do instituto, é uma forma de discriminação de cunho racista, sim. Tem coisas que não precisam ser ditas para serem entendidas”, afirmou.

“Costumo dizer para os meus alunos que, na nossa sociedade, o negro e o indígena são bem-vindos, desde que obedeçam, desde que sejam dóceis com seus patrões, seus mandatários. Se você não se submeter a esse padrão, as pessoas criam adjetivos para você, como ‘desequilibrado’, para desqualificá-lo. Isso acontece muito em nossa sociedade e nunca assumem que é racismo. Mas eu entendo que sim. Humilhar um corpo negro faz parte do cotidiano da sociedade brasileira”, explicou.