Com 177,7 mil veículos produzidos, numa queda de 18,4% na comparação anual, as montadoras terminaram o mês passado amargando o agosto mais fraco em termos de atividade do setor em 13 anos. Em relação a julho de 2016, houve queda de 6,4% na produção de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, segundo balanço da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa os fabricantes de veículos instalados no país.

O resultado leva para 1,38 milhão de veículos o total fabricado pelas montadoras desde janeiro, o menor volume, entre períodos equivalentes, desde 2004. Frente aos oito primeiros meses de 2015, o corte na produção foi de 20,1%, numa tentativa das empresas de normalizar estoques e adequar o ritmo das linhas de montagem a um mercado menor. Em 12 meses, a queda foi de 31%.

O número do mês passado foi influenciado por paradas de produção em montadoras como Mercedes-Benz, Ford e Volkswagen – esta última, em função da falta de peças após o rompimento de contrato com um fornecedor de diversos componentes.

Nas fábricas de carros de passeio e comerciais leves, como picapes, a produção somou 171,1 mil unidades durante o mês passado, 19% abaixo de igual período de 2015. Frente a julho, a produção nessa categoria teve queda de 6,6%.

Já nas linhas de montagem de caminhões, houve queda de 1,4% na comparação anual, mas alta de 2,4% em relação a julho, num total de 5,2 mil veículos produzidos no mês passado.

O balanço da Anfavea mostra ainda que a produção de ônibus, de 1,5 mil unidades, teve alta de 22,7% em relação a agosto de 2015. Frente a julho, a fabricação de coletivos caiu 10,5%.

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Os ajustes de mão de obra também prosseguiram em agosto, quando 885 vagas foram eliminadas nas montadoras, incluindo nessa conta as fábricas de máquinas agrícolas.

O setor terminou o mês passado com 126 mil pessoas ocupadas, o que significa um corte de 8.371 postos nos últimos 12 meses, ou 33,6 mil vagas a menos desde novembro de 2013, quando teve início o ciclo de enxugamento de empregos na indústria de veículos.

Vendas

Também no balanço divulgado nesta terça pela Anfavea, as vendas de veículos no País tiveram queda de 11,3% no mês passado, se comparadas a agosto de 2015. Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 183,9 mil veículos foram comercializados em agosto.

Depois dos sinais de reação emitidos em julho, quando as vendas diárias (excluindo veículos comerciais pesados) superaram a casa de 8 mil carros pela primeira vez no ano, o mercado voltou a perder ritmo por conta, entre outros motivos, da queda de movimento nas concessionárias durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Na média, 7,8 mil carros foram comercializados a cada dia que as concessionárias abriram as portas no mês passado. Mas como agosto teve dois dias úteis a mais, o resultado final do mês acabou mostrando leve alta de 1,4% no comparativo com julho.

Ainda assim, foi o pior agosto em vendas de veículos no Brasil em dez anos. No acumulado de janeiro a agosto, as vendas, de 1,35 milhão de unidades, recuaram 23,1%, também no pior número desde 2006. Em 12 meses até agosto, as vendas registram queda de 28,4%.

Por categoria, os emplacamentos de automóveis de passeio e utilitários leves, como picapes, caíram 10,9% na comparação com agosto de 2015, mas subiram 1,9% em relação a julho, chegando a 178,3 mil unidades.

Já os licenciamentos de caminhões, de 4,4 mil veículos no mês passado, recuaram 24,3% se comparados ao mesmo período de 2015. Frente a julho, a comercialização dos veículos pesados de carga recuou 6,1%.

O levantamento mostra ainda que as vendas de ônibus somaram 1,2 mil unidades no mês passado, uma queda de 8,8% na comparação anual. Em relação a julho, as vendas de coletivos caíram 28,5%.

Exportações


O faturamento das montadoras com exportações registrou uma queda em agosto de 1,9% perante julho. Em relação a agosto do ano passado, porém, o montante obtido pelo setor com embarques ao exterior subiu 13,1% em agosto, chegando a US$ 923,8 milhões.

O resultado leva para US$ 6,71 bilhões, queda de 5,7%, o total faturado desde o início do ano com exportações. Além de veículos, a cifra inclui as exportações de autopeças feitas pelas montadoras, assim como as vendas externas das fábricas de máquinas agrícolas, também associadas à Anfavea.

No mês passado, 40,2 mil veículos saíram do Brasil com destino a mercados internacionais, um crescimento de 16,7% na comparação anual.

Em relação a julho, houve, contudo, queda de 11,8% no volume embarcado em agosto. O resultado, segundo o presidente da Anfavea, Antonio Megale, foi prejudicado pela parada de produção na Volkswagen, maior exportadora de veículos do País, por falta de peças.

No acumulado de janeiro a agosto, as montadoras exportaram 312,4 mil veículos, o que corresponde a um crescimento de 19,6%.

A maior entrada de carros brasileiros em mercados vizinhos, sobretudo a Argentina, mais o crescimento das exportações ao México e a estratégia de diversificar as exportações com novos destinos, explicam o desempenho.


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