No melhor fevereiro em sete anos, a produção de motos no País subiu 84,5% no mês passado na comparação com o mesmo período de 2021, informou nesta segunda-feira, 14, a Abraciclo, entidade que representa as montadoras de motocicletas.

Além do volume de produção elevado, o salto na base de comparação anual é explicado pela base fraca de comparação, já que um ano atrás a indústria de motos, instalada no polo industrial de Manaus (AM), sofria com restrições relacionadas à segunda onda da pandemia.

Nos primeiros dois meses de 2021, as fábricas da região tiveram que reduzir o expediente em razão do colapso dos hospitais de Manaus, que comprometeu também o abastecimento de gases industriais usados em trabalhos de solda, dada a urgência de destinar oxigênio ao atendimento de pacientes com covid-19.

No total, 107 mil motocicletas saíram das linhas de montagem em fevereiro, 28,1% acima da produção de janeiro, quando o resultado foi afetado pela onda de contaminações da variante Ômicron e o consequente aumento do absenteísmo nas linhas.

O desempenho do mês passado, conforme avaliação da Abraciclo, mostra que o setor segue em ritmo de retomada. “No primeiro bimestre de 2021, tivemos grandes dificuldades devido à segunda onda da pandemia em Manaus. Já em janeiro deste ano, a variante Ômicron afetou o ritmo da produção. Agora, a tendência é de evolução e crescimento para atender a demanda”, comentou Marcos Fermanian, presidente da entidade.

Desde 2015, quando foram montadas 110,8 mil unidades no segundo mês, não se via um fevereiro tão alto em produção de motos. No acumulado do primeiro bimestre, a produção somou 190,6 mil motos, alta de 70,7% frente ao volume dos dois primeiros meses do ano passado.

De acordo com Fermanian, as montadoras seguem acelerando o ritmo para atender a pedidos em espera dos consumidores, e a perspectiva é de o consumo continuar subindo, considerando a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a maior acessibilidade financeira das motos, tanto no valor do veículo quanto na economia em gastos com combustível, num momento em que muitos brasileiros seguem evitando o transporte coletivo.

O presidente da Abraciclo pondera, por outro lado, que o setor monitora “instabilidades globais” que podem afetar os fluxos logísticos, o fornecimento de insumos e, por fim, a produção de motocicletas.