A produção brasileira de aço bruto atingiu 12,3 milhões de toneladas entre janeiro e maio de 2016, montante que representa recuo de 13,2% ante o mesmo período de 2015, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 8, pelo Instituto Aço Brasil (IABr), durante entrevista coletiva à imprensa.

Segundo o instituto, as vendas internas somaram 6,7 milhões de toneladas, retração de 18,4% na mesma base de comparação, enquanto o consumo aparente (indicador que mede a produção interna mais importações e exclui exportações) de aço totalizou 7,4 milhões de toneladas, redução de 25,4%.

O presidente do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, atribuiu a retração do nível de atividade do setor ao que classificou como “desaparecimento do mercado interno”. O executivo se referia ao setores de bens de capital, automotivo e construção, que representam 80% da demanda de aço no mercado interno e, juntos, tiveram baixa superior a 20% no consumo ao longo dos primeiros meses do ano.

Lopes também atribuiu a queda da produção e comercialização de aço bruto à assimetria competitiva do mercado brasileiro, caracterizada por juros elevados e carga tributária pesada, reduzindo a atratividade do produto nacional. Outro fator relevante é o excesso de capacidade da indústria siderúrgica internacional, estimada em 740 milhões de toneladas, somada à previsão de incremento de 89 milhões de toneladas na China, Índia e Oriente Médio até o próximo ano.

“A importação predatória, com assimetria competitiva marcada pelo Custo Brasil enorme, e as dificuldades de exportar levaram o setor a essa situação”, sintetizou Lopes.

O instituto estima que a indústria siderúrgica deve fechar 23 unidades neste primeiro semestre. Entre 2014 e 2015, 74 unidades já foram desativadas ou paralisadas, entre elas cinco altos-fornos, oito aciarias e 14 laminadores, entre outros. O instituto também estima perda de cerca de 11,3 mil empregos no primeiro semestre deste ano. Nos dois anos anteriores, foram cortadas 29,7 mil vagas.

O executivo reiterou que não espera recuperação do mercado interno em 2016 e em 2017 devido ao cenário prolongado de crise nacional. Na sua avaliação, a recuperação da indústria só será possível via exportações. Por isso, o presidente do IABr defendeu ações do governo para defesa comercial e aumento da competitividade, além do restabelecimento da alíquota do Reintegra em 5%.