08/01/2020 - 17:08
SÃO PAULO E TÓQUIO, 8 JAN (ANSA) – O procurador-geral do Líbano, Ghasan Oueidat, convocou na tarde desta quarta-feira (8) o ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubish Carlos Ghosn para prestar depoimento amanhã (9), após o recebimento de uma notificação da Interpol. A informação foi revelada pela agência de notícias estatal libanesa “ANN”, que antecipa que a convocação está relacionada com “reuniões com oficiais israelenses” que apresentaram um processo judicial contra o executivo brasileiro no Líbano. A medida foi tomada após a procuradoria do país receber uma notificação da Interpol sobre sua fuga do Japão, que até o momento não foi esclarecida. Hoje cedo, Ghosn se negou a explicar aos jornalistas como escapou. No entanto, ele ressaltou que “não teve escolha” a não ser fugir para o Líbano. O ex-presidente da aliança Renault-Nissan participou de uma coletiva de imprensa em Beirute, sua primeira desde novembro de 2018, quando foi preso no Japão sob a acusação de fraude fiscal.
Durante suas declarações, ele afirmou estar “preparado” para se apresentar perante qualquer tribunal “se for um julgamento justo”, após alegar sofrer perseguição política. O brasileiro é acusado no Japão de ter subnotificado rendimentos e de ter desviado recursos da Nissan para fins pessoais. Ele alega, no entanto, que as denúncias são uma trama de executivos da montadora e de procuradores japoneses para frear seus planos de aumentar a integração com a Renault. Além disso, Ghosn ainda acusou as autoridades japonesas de violarem seus “direitos humanos” e sua “dignidade”.
A ministra da Justiça do Japão, Masako Mori, por sua vez, classificou suas declarações como “absolutamente inteleráveis”.
Em nota, a política disse que o “tribunal libertou o réu Ghosn sob fiança porque ele prometeu cumprir as condições da fiança de que ele não deve se esconder, fugir ou viajar para o exterior, mas ele fugiu do Japão, e fugiu de seu julgamento criminal”.
“Tal ação não seria tolerada pelo sistema de nenhuma nação. Além disso, ele tem propagado informações falsas no Japão e no mundo sobre o sistema jurídico e sua prática no Japão. Isso é absolutamente intolerável”, acrescentou Mori. No comunicado, a ministra ainda reforça que “o sistema de justiça criminal do Japão estabelece procedimentos apropriados e é administrado adequadamente para esclarecer a verdade nos casos, garantindo os direitos humanos individuais básicos”. Segundo Mori, “o governo japonês tomará todas as medidas disponíveis para que os procedimentos criminais possam ser atendidos adequadamente”. (ANSA)