MILÃO, 17 JUL (ANSA) – O promotor da Operação Mãos Limpas, que revelou um grande esquema de corrupção nos partidos da Itália na década de 1990, Piercamillo Davigo, está sendo investigado por violação de segredos de ofício em Brescia, informa neste sábado (17) o jornal “Corriere della Sera”.   

Segundo a publicação, Davigo recebeu, em abril do ano passado, do procurador de Milão, Paolo Storari, um arquivo em Word não assinado com o depoimento secreto do advogado Piero Amara, conhecido por fazer a defesa de acusados em grandes processos no país, como o ex Ilva e o Eni-Nigéria.   

Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, Amara denunciou à Procuradoria de Brescia uma suposta organização dentro do sistema judicial, identificada como “Grupo Hungria”. Esse grupo, que incluía juízes, advogados, políticos e empresários, existiria há cerca de 30 anos e fazia nomeações em cargos importantes.   

Na época em que recebeu o documento, Davigo era membro do Conselho Superior de Magistratura (CSM) e teria recebido o material para dar uma “opinião” para Sartori. No entanto, o relatório nunca foi repassado para o CSM de maneira formal e nem para nenhum líder do órgão ou da comissão Antimáfia.   

A investigação contra Davigo foi aberta porque os depoimentos coletados até o momento dos investigados são contraditórios sobre a forma como os dados foram vazados.   

Além do longo depoimento de Storari ter indicado a entrega dos documentos para o ex-promotor e não para o CSM, ao menos nove juízes do órgão oficial já foram ouvidos como “pessoas informadas” sobre o caso. (ANSA).