A Procuradoria de La Paz admitiu uma denúncia contra o ex-presidente boliviano Evo Morales (2006-2019) e seus candidatos à presidência e à vice-presidência por “terrorismo, genocídio e crimes contra a saúde”, apresentada pelo governo, que os responsabiliza pelos bloqueios de estradas iniciados há uma semana.

O promotor Marco Antonio Cossío informou nesta segunda-feira (10) que a denúncia contra 12 pessoas foi admitida, incluindo o líder da Central Obrera Boliviana (COB), Carlos Huarachi, o ex-presidente Evo Morales e os candidatos de seu partido, o Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce e David Choquehuanca.

O governo da presidente interina Jeanine Áñez acusa Huarachi de ordenar os bloqueios de estradas junto com movimentos sociais relacionados a Morales, em rejeição ao adiamento das eleições de 6 de setembro para 18 de outubro. Esses setores consideram que a alteração prejudica Arce, primeiro nas pesquisas, frente ao ex-presidente de centro Carlos Mesa e Áñez.

Segundo o executivo, essas barreiras em todo o país têm impedido o transporte de suprimentos médicos e alimentos para as principais cidades. A Bolívia denunciou que a falta de oxigênio causada pelos bloqueios causou 31 mortes na semana passada.

Cossío indicou que os acusados serão convocados nos próximos dias e terão que apresentar suas defesas. “Veremos as ações que vamos tomar como Procuradoria”, acrescentou. Quanto a Morales, refugiado na Argentina desde dezembro após renunciar devido a uma forte convulsão social, ele não detalhou que caminho seguirão para obter suas declarações.

O ex-presidente já tem duas ordens de prisão. Uma emitida em dezembro de 2019, por sua suposta responsabilidade na violência política após as eleições de outubro, vencida por Morales, mas anulada pela Organização dos Estados Americanos (OEA). E outra de julho deste ano, após a divulgação de um áudio em que ele teria mandado que um líder ‘cocalero’ bloqueasse as estradas.

Nem Morales nem seus candidatos comentaram sobre a ação da procuradoria.

A Bolívia vai realizar eleições presidenciais e parlamentares em 18 de outubro, enquanto a pandemia de COVID-19 ainda preocupa as autoridades. Até o momento, o coronavírus causou 3.640 mortes e 90 mil infectados no país de 11 milhões de habitantes.