O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou, nesta segunda-feira (29), um ex-ministro do Petróleo detido por corrupção de “conspirar” com dirigentes da oposição e Estados Unidos para derrubar o presidente Nicolás Maduro.

O ex-ministro Tareck El Aissami foi preso em 9 de abril por seus vínculos com um esquema que levou a um prejuízo de aproximadamente US$ 17 bilhões (R$ 86,9 bilhões, na cotação atual) na estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), pelo qual estão detidas outras 65 pessoas.

Saab o tachou de “chefe desta máfia corrupta criminosa” e revelou uma “lamentável conspiração política vinculada à corrupção da PDVSA”, com a qual relacionou o exilado líder opositor Leopoldo López.

“Não era somente corrupção moral, mental, de espírito e alma desta gente, mas também a corrupção política, ideológica que os levou sem nenhum tipo de vergonha a se aliar com os piores inimigos da pátria”, acrescentou. “Conseguimos desmembrar uma rede de funcionários que usavam não apenas o seu cargo para realizar operações petroleiras, mas para trabalhar contra o governo legitimamente constituído”.

O procurador divulgou áudios de conversas entre o braço direito de El Aissami, Samark López, e dirigentes opositores no exílio como López, Julio Borges e Carlos Vecchio, assim como Carlos Ocariz, ex-prefeito de um dos cinco municípios que compõem Caracas.

“O plano era dissolver o Estado por qualquer via antidemocrática”, disse Saab, que indicou que “El Aissami, Samark e todo o conglomerado corrupto que o acompanhava” mantinha contato com funcionários dos Estados Unidos como o embaixador James Story, que esteve à frente do escritório para Assuntos da Venezuela em Bogotá.

“Não excluo de forma alguma que existam outros fatores na conspiração política […] extremistas vinculados”, acrescentou, ao assinalar que poderiam ocorrer novas detenções.

A investigação por esse esquema de corrupção começou há um ano. El Aissami renunciou e desapareceu da vida pública até sua prisão, em 9 de abril.

Desde 2017, o Ministério Público soma mais de 30 investigações de corrupção na estatal petrolífera, pela qual também foram acusados outros três ex-ministros do Petróleo: Nelson Martínez, Eulogio Del Pino e Rafael Ramírez.

Del Pino e Martínez foram presos e o segundo morreu na prisão. Ramírez está foragido na Itália.