O procurador Demétrius Oliveira de Macedo 34, foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. A justiça já havia expedido um mandado de prisão desde ontem, quarta-feira, 22. O procurador espancou, durante o expediente de trabalho, a chefe e procuradora-geral de Registro (SP), Gabriela Samadello Monteiro de Barros, 39. O crime aconteceu na última segunda-feira 20. A agressão foi filmada por outra funcionária. Gabriela e Macedo trabalhavam juntos na prefeitura de Registro desde 2013.

Nesta manhã, o governador do estado de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) se pronunciou sobre o caso em seu Twitter. “Informo em primeira mão: a Polícia Civil acaba de prender o agressor Demétrius Macedo. Que a justiça faça a sua parte agora e use contra ele todo o peso da lei. Agressor de mulher vai para a cadeia aqui em SP. Denuncie sempre”, escreveu na rede social.

A polícia de Registro foi até a residência do agressor na última quarta-feira, mas não o encontrou. Depois de investigações, a polícia localizou Macedo em uma clínica de recuperação de pessoas com transtornos psicológicos na capital paulista, onde foi detido e levado para a cadeia de Registro, onde está preso.

Inicialmente, o agressor havia sido levado para o 1º Distrito Policial de Registro e liberado. “Eu entendi que não havia uma situação de flagrante, e sim um fato criminoso. É claro que deveria ser devidamente apurado. Por isso fizemos o registro da ocorrência e tomamos todas as diligências cabíveis na ocasião”, disse o delegado Fernando Carvalho Gregório, ao justificar porque não manteve o agressor preso desde o início.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado por Gabriela, a agressão aconteceu após ela ter solicitado a abertura de um processo administrativo contra Macedo por causa de sua conduta inapropriada no ambiente de trabalho. Ela considerava o rapaz com comportamento “hostil e grosseiro”. Após ver a publicação no Diário Oficial do município sobre a decisão da chefe, criando uma comissão para averiguar os fatos, Macedo foi de encontro a Gabriela e deu início às agressões.

“Ele não disse nada. Simplesmente invadiu minha sala e começou a me espancar. Primeiro, ele deu uma cotovelada no meu rosto, fazendo com que eu batesse a cabeça fortemente contra a parede. Depois começaram os socos. Ele tinha muita força, eu comecei a perder os sentidos. Por mais que tentasse me proteger com os braços, ele ficava buscando acertar a minha cabeça. Eu pensei que fosse morrer. Fui ficando desorientada e caí no chão”, disse a procuradora.

Gabriela também afirmou que já esperava a reação agressiva de Macedo, no entanto, esperava que tudo não passasse de agressões verbais. “Eu tinha medo, sim. Tinha medo que fosse acontecer isso, mas não imaginava que fosse ser uma violência física, achava que fosse um ‘bate-boca’, uma discussão”.

A procuradora-geral também deu um aviso às vítimas de agressões semelhantes. ”Nenhuma mulher deve permitir ser tratada dessa maneira. Se um homem a agredir, ela deve buscar todos os meios de impedir a continuidade dessa violência e exigir a punição do agressor. A gente não pode deixar uma barbaridade dessa passar em branco. As pessoas têm que saber que existem limites”.

O processo administrativo contra Demétrius Macedo teve início após a procuradora-geral ter recebido uma denúncia da agente administrativa Thainan Maria Tanaka 29, indicando que Macedo estava agindo de forma intimidadora e agressiva com ela no ambiente de trabalho. “Ele virou para mim e disse ‘não adianta você vir me cumprimentar’ e eu falei ‘cumprimento por educação’. Na sequência, Macedo perguntou ‘onde estava a educação durante todo esse tempo.’ Só que ele falou em um tom muito alto e tentou me intimidar. Ficava andando na frente da minha mesa. Eu fiquei com muito medo dele e até chorava”, relatou Tanaka.

A prefeitura de Registro determinou a suspensão preventiva de Macedo. Segundo a prefeitura, essa medida faz parte do processo administrativo contra o agressor, que, ao final do processo, deve ser exonerado.