Procurador pede proibição de partido pró-curdos na Turquia

ISTAMBUL, 18 MAR (ANSA) – Um procurador turco pediu ao Tribunal Constitucional do país nesta quarta-feira (17) que proíba o Partido Democrático dos Povos (HDP) de existir. A sigla é a terceira força política, mesmo com toda a perseguição que sofre das siglas governistas, e é pró-curdos.   

Segundo a agência estatal de notícias Anadolu, o pedido foi justificado pelo fato do HDP “apoiar os terroristas” do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O governo de Recep Tayyip Erdogan deu essa denominação ao PKK, mas ela não é reconhecida por nenhuma potência internacional.   

O PKK atua fortemente na área do Curdistão pela independência e, há anos, está em constante combate com as forças governamentais de Ancara. Já o HDP vem sendo combatido por Erdogan desde 2016 e, desde então, seu líder – que foi candidato à Presidência -, Selahattin Demirtas, está preso. Além disso, 14 deputados eleitos foram destituídos de suas funções pelo Parlamento no período.   

Ainda conforme a Anadolu, o pedido do procurador quer suspender por cinco anos os direitos políticos de 687 dirigentes do HDP, incluindo Demirtas.   

“Não há nenhum diferença entre o partido HDP e o PKK. O HDP é o braço político da organização terrorista armada PKK. O HDP desenvolve um papel ativo no recrutamento de elementos da organização terrorista PKK. O seu fechamento é indispensável para assegurar a integridade da Turquia, além da segurança e da paz nacional”, diz o documento divulgado pela agência.   

O partido pró-curdo sempre negou qualquer envolvimento com o PKK ou os ataques terroristas. Nas últimas eleições, a sigla conquistou mais de seis milhões de votos, mas todos os 65 prefeitos eleitos desde então foram retirados do poder e substituídos por administradores ligados a Erdogan.   

Os Estados Unidos emitiram uma nota pedindo para que o governo turno “respeite a liberdade de expressão” e dizendo que “subverter, injustificadamente, a vontade do povo turco, minaria ainda mais a democracia na Turquia e negaria a milhões de cidadãos a sua representação”.   

O Ministério das Relações Exteriores da Turquia, então, também publicou uma nota nesta quinta-feira (18) dizendo que “algumas declarações de países sobre o andamento dos trabalhos da Grande Assembleia Nacional turca são incompatíveis com o estado de Direito” e que “todos” devem respeitar a Justiça nacional.   

“Comentar um processo legal em curso representa um intervenção internacional na lei”, disse ainda o comunicado citando as “interferências em assuntos internos”. (ANSA).