O procurador-geral suíço, Michael Lauber, questionado por sua gestão do escândalo de corrupção conhecido como “FIFAgate”, apresentou sua demissão nesta sexta-feira (24), anunciada em um comunicado.

Lauber, suspeito de conluio com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, depois de uma série de reuniões informais com este último, afirmou ter renunciado “no interesse das instituições”.

O procurador foi afastado no ano passado da investigação do escândalo de corrupção na FIFA, devido a seus contatos não declarados, mas revelados pela mídia, com o presidente da instância.

Além disso, foi punido com uma redução salarial de 8% ao ano pela Autoridade de Supervisão do Ministério Público Suíço (AS-MPC) por ter mentido e “dificultado” a investigação disciplinar sobre sua pessoa.

Sua renúncia se segue à decisão do Tribunal Administrativo Federal (TAF), ao qual o próprio Lauber recorreu para denunciar as sanções que lhe foram impostas.

Em um comunicado divulgado nesta sexta, o TAF confirmou, “em essência, as falhas no dever do procurador-geral, em particular no que se refere ao terceiro encontro com o presidente da FIFA, também considerado pelo tribunal como uma violação grave dos deveres do cargo”.

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– ‘Aberração’ –

Ao observar que nenhum dos participantes da reunião de 16 de junho de 2017 tem lembranças daquele momento, o TAF afirmou que “um caso como esse de amnésia coletiva revela uma aberração”.

O TAF também inclui entre suas conclusões que o procurador-geral “atentou contra a reputação” do MP.

“Respeito a decisão do Tribunal Administrativo Federal. No entanto, mantenho minha firme rejeição à acusação de ter mentido”, disse Lauber no comunicado de sua demissão.

A AS-MPC decidiu em 2019 abrir uma investigação após as revelações da mídia suíça sobre uma reunião não declarada em 2017 entre Infantino e Lauber. Este último alegou não ter qualquer lembrança do encontro. Os dois primeiros encontros entre ambos em 2016 foram revelados pelo Football Leaks, em 2018.

A FIFA nunca negou as reuniões entre os dois homens, explicando que a finalidade delas era mostrar que o órgão estava “disposto a colaborar com a Justiça suíça”.

A falta de clareza jurídica em que esses encontros aconteceram levanta, no entanto, suspeitas sobre um possível conluio entre a FIFA e a Justiça.

A renúncia de Michael Lauber está longe de acabar com essa “novela” judicial. No total, mais de 20 processos relacionados à FIFA abertos nos últimos cinco anos ainda não tiveram um desfecho.


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