O secretário de Justiça americano, Bill Barr, defendeu energicamente nesta terça-feira (28) o envio de agentes federais para reprimir os protestos em Portland, e recusou as acusações de que busca impulsionar as chances de reeleição do presidente Donald Trump.

Em uma audiência no Comitê Judiciário da Câmara, Barr rejeitou acusações da oposição democrata de que o governo Trump está sufocando protestos pacíficos contra o racismo e a brutalidade policial, chamando os protestos de Portland de “um ataque ao governo de Estados Unidos”.

Ele também rejeitou as acusações de que ele busca favorecer Trump politicamente – que tem como objetivo ser reeleito em 3 de novembro -, dizendo que sua missão é “retificar o Estado de Direito”, mesmo quando isso significa propor uma sentença mais leve de prisão para o consultor político de Trump, Roger Stone.

“Depois da morte de George Floyd, manifestantes violentos e anarquistas fizeram protestos legítimos para causar estragos e destruição sem justificativa a vítimas inocentes”, argumentou Barr.

A morte do afro-americano, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, provocou grandes protestos antirracistas nos Estados Unidos, assim como inúmeros pedidos por uma reforma policial. As manifestações acabaram por se enfraquecer consideravelmente, mas ainda há protestos ocorrendo no país, principalmente em Portland, uma cidade mais progressista.

“Aceitar tacitamente a destruição e a anarquia é abandonar os princípios básicos do Estado de Direito que deveriam nos unir em um momento politicamente divisivo”, ressaltou Barr.

– “Estado policial” –

Porém, o democrata Jerry Nadler, presidente do comitê, criticou os departamentos de Justiça e Segurança Interna por enviarem esquadrões paramilitares a Portland, que entraram em conflito com manifestantes e prenderam dezenas de pessoas.

“Como nação, estamos testemunhando como o governo federal se volta violentamente contra seu próprio povo”, disse Nadler.

O governo Trump enviou este mês agentes armados para Portland, muitos deles com equipamentos de combate, depois de semanas de protestos contra a polícia e o governo, que resultaram em pichações e janelas quebradas da corte federal e em vários outros edifícios.

Os democratas defendem que essa intervenção representa o “estado policial” e que é uma manobra política mostrar aos eleitores Trump como um presidente que segue a lei e ordem estritamente.

Mas os protestos em Portland se tornaram maiores desde a chegada dos agentes federais, e autoridades locais e do estado do Oregon acusaram Barr de uma reação exagerada, o que piorou uma situação que poderia ser resolvida.

“O presidente quer imagens para seus anúncios de campanha, e parece que estão sendo entregues conforme solicitado”, informou Nadler, um dos vários democratas que questionou Barr sobre seu histórico de 17 meses como secretário da Justiça.

No entanto, Barr disse em depoimento que é seu trabalho proteger a propriedade e os meios de subsistência afetados pelos manifestantes.

“Não há lugar neste país para multidões armadas que busquem estabelecer zonas autônomas fora do controle do governo, ou demolir estátuas e monumentos que as comunidades cumpridoras da lei escolheram levantar, ou destruir a propriedade e os meios de subsistência de empresários inocentes”, ressaltou. “A responsabilidade mais básica do governo é garantir o Estado de Direito”, acrescentou.

– O caso Stone –

Barr também descartou as acusações de ter agido a favor de Stone quando ele solicitou a simplificação de sua sentença, acusado de mentir ao Congresso e manipular testemunhas.

Stone foi condenado a 40 meses de prisão em fevereiro, muito menos do que os sete a nove anos solicitados pelos promotores do Departamento de Justiça no caso.

Em 10 de julho, Trump, que havia criticado a acusação de Stone antes de que ele recebesse a sentença, a comutou.

Barr insistiu em que o pedido original de sentença era excessivo para o caso Stone.