O procurador do Estado Renan Saad foi preso na manhã desta segunda-feira, 1º, em casa, em São Conrado, na zona sul, e levado para a sede da Polícia Federal. A prisão foi feita no âmbito do operação Lava Jato no Rio. Saad é suspeito de receber R$ 1,2 milhão em pagamentos de propina da Odebrecht para alterar o traçado das linhas de metrô do Rio, beneficiando o esquema do ex-governador Sérgio Cabral.

A Polícia Federal cumpriu também dois mandados de busca e apreensão na residência de Saad e em seu escritório, no centro. Depois de prestar depoimento à PF, o procurador será levado para o Complexo de Gericinó, em Bangu, onde estão os presos da Lava Jato.

Segundo a investigação, o procurador referendou a alteração de um contrato de construção da linha 4 do metrô sem que houvesse a necessidade de uma nova licitação. A alteração elevou o valor da obra em, pelo menos, 11 vezes. O projeto, orçado originalmente em R$ 880 milhões, em 1998, acabou custando aos cofres públicos R$ 9,6 bilhões. A linha 4, que liga a zona sul à barra, na zona oeste, ficou pronta para os Jogos Olímpicos de 2016.

Originalmente, a linha 4 chegaria à Barra passando por Humaitá, Gávea e São Conrado. As mudanças avalizadas pelo parecer de Saad, no entanto, autorizaram a alteração desse trajeto, passando por Ipanema e Leblon, o que demandou o uso de uma nova metodologia de obra.

Os pagamentos foram operacionalizados por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que era responsável pelo repasse de propinas. Os repasses a Saad, que era identificado como “Gordinho”, foram transferidos entre 2010 e 2012.

Defesa

A reportagem fez contato com o escritório do procurador Renan. O advogado Gabriel Saad informou que a defesa do procurador vai se manifestar após se inteirar sobre o caso. O espaço está aberto para manifestações.

Em nota, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) informa “que já apura o caso internamente para a adoção das medidas disciplinares cabíveis e que colabora de modo pleno com as investigações do Ministério Público Federal para a apuração dos fatos levantados pela Lava Jato no Rio de Janeiro”.

A PGE-RJ informa ainda “que os fatos dos quais o procurador é acusado remontam ao período em que ele estava lotado como assessor jurídico chefe da Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS), nomeado na gestão do ex-governador Sérgio

Cabral, cargo do qual foi exonerado em junho 2012.”