Um das bases de acusação do Ministério Público de Milão, da Itália, contra Robinho foi justamente o grampo telefônico da mulher, de 23 anos, que alega ter sido estuprada pelo jogador e um grupo de amigos, em 2013.

Em entrevista ao UOL Esporte, o procurador Stefano Ammendola, que atuou no caso, disse que as conversas da vítima com conhecidos e seu posterior depoimento coincidiram. Com isso, o relato da albanesa ganhou ainda mais credibilidade.

Como já divulgado, Robinho e os outros acusados também foram grampeados.

“As interceptações [de diálogos] servem para entender se a vítima está dando uma versão pré-constituída diferente daquela dada no imediatismo da verbalização da denúncia com o procurador ou com a polícia judiciária”, explicou o membro do MP italiano.

Em relação à jovem albanesa, “não houve conversas que pudessem alterar sua versão [quanto ao que havia declarado em depoimento], o que indica o índice de confiança da vítima”, disse.

Vale ressaltar que, diferente do Brasil, os procuradores do MP da Itália atuam também nos processos de primeira instância, enquanto aqui os promotores de Justiça assumem a função nesta etapa processual.

Ainda segundo o UOL, o procurador foi questionado sobre as alegações da defesa do jogador sobre supostos erros de tradução nas transcrições de áudios do atacante divulgados pelo “Globoesporte.com”.

“Cada um é livre de se defender como achar melhor. A pessoa pode dizer a verdade, mentir ou nem mesmo responder se quiser. Mas será a segunda instância a verificar a veracidade”, afirmou o membro do MP.

Além disso, Stefano contou que as acusações foram consequência de todo um período de investigações.

“Tivemos a fase investigativa, de audiência preliminar como é previsto na Itália, a fase processual e a sentença de condenação. Então, ao menos na primeira instância, as acusações foram aceitas”, explicou ao UOL.

“Obviamente, um processo se funda na dialética das partes, na versão da acusação e da defesa. E lembro que os acusados foram muito bem defendidos, mas é o tribunal que decide”, disse o procurador.

“As interceptações são instrumentos válidos na procura de provas porque a fala de quem é interceptado é espontânea”, ressaltou.

Relembre o caso

De acordo com a sentença, o estupro aconteceu em uma boate de Milão, na Itália, em 2013. Participaram do ato Robinho, Ricardo Falco e outros quatro brasileiros. Ammendola relembrou que na descrição do crime, a decisão judicial aponta “múltiplas relações sexuais contemporâneas e consecutivas” com a jovem e “relações sexuais completas”, com alteração de posições entre os acusados.

O jogador foi condenado a nove anos de prisão em 2017, mas recorreu da decisão e aguarda novo julgamento, que está marcado para começar em dezembro deste ano.